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Brumadinho/ Vale

Vale é multada em R$ 250 milhões por rompimento de barragem em Brumadinho

O Ministério do Meio Ambiente impôs uma primeira multa de 250 milhões de reais à empresa Vale, por infrações relacionadas ao rompimento de uma barragem em Brumadinho, Minas Gerais, que segundo o balanço mais recente deixou 11 mortos e mais de 300 desaparecidos.

Equipes de resgate no local da tragédia, em Brumadinho, Minas Gerais, Brasil, em 25 de janeiro de 2019.
Equipes de resgate no local da tragédia, em Brumadinho, Minas Gerais, Brasil, em 25 de janeiro de 2019. REUTERS/Washington Alves
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O ministro Ricardo Salles disse neste sábado (26) que "já foi aplicada" a sanção por crimes ambientais de 250 milhões de reais. O Ibama confirmou a informação em nota.

"Os danos ao meio ambiente decorrentes do rompimento de barragens da mina Córrego do Feijão resultaram até o momento em cinco autos de infração no valor de R$ 50 milhões cada, o máximo previsto na Lei de Crimes Ambientais", informa o comunicado.

A mineradora foi multada por poluição de terra e água, eventuais ameaças à saúde humana e causar morte de espécies de animais.

O Ibama informou que eventuais infrações por irregularidades na atividade de mineração cabem à secretaria estadual de Meio Ambiente.

O governo do estado de Minas Gerais prepara outra multa, informou uma autoridade da área ambiental à AFP.

O Ibama enviou uma equipe a Brumadinho para avaliar se há mais danos ambientais e ajudar nas atividades de busca e resgate.

A Vale terá 20 dias para contestar a multa, informou o Ibama. A Justiça de Minas já tinha decretado o bloqueio de um montante de 1 bilhão de reais das contas bancárias da Vale para ressarcir as vítimas.

"Os envolvidos nessa tragédia serão punidos exemplarmente. Todas as medidas judiciais já foram tomadas, recursos na casa dos bilhões de reais bloqueados, de forma que a punição seja a mais rigorosa possível", afirmou à imprensa o governador de Minas, Romeu Zema.

Zema declarou que "todo o rigor da lei" será aplicado contra os responsáveis pelo desastre. "Não podemos querer aqui no Brasil pena de morte se a lei não prevê isso. Aquilo que a lei prevê, será feito", disse.

Testemunhos de moradores

O enviado especial da France 24 a Brumadinho, Pierre Le Duff, entrevistou moradores locais e colheu depoimentos:

"Nossa, eu chorei demais ontem, é uma tristeza enorme. O que a gente não quer para a gente não quer para os outros. São muitas famílias atingidas, ali na frente tem duas casas que caíram, casas de conhecidos nossos, você precisa ver, eles perderam tudo", disse um homem que tem dois amigos desaparecidos.

Um outro homem lamenta o desaparecimento da vizinha: "É uma menina, filha do meu vizinho, a Karina. Ela sumiu. Acho que ela estava no restaurante. Uma menina nova, devia ter menos de 20 anos, está sumida também".

A mã de uma desaparecida clama por informações: "Eu sou mãe de pessoa que está desaparecida. Desde ontem que eu não tenho uma única informação. Omitem informação aos familiares, isso é um absurdo. Os familiares estão sofrendo demais, nós não sabemos quantas pessoas foram resgatadas, quantas faleceram, nada pra gente, nome, números, nada... É um desrespeito com a família. A Vale não dá uma informação para nós, eles são os responsáveis".

Movimento dos Atingidos por Barragens

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) divulgou neste sábado uma nota em que diz tratar-se de "um crime continuado pela Vale contra o povo brasileiro". Confira abaixo trechos da nota:

"Nós do MAB entendemos que se trata de um crime continuado pela Vale contra o povo brasileiro. Há três anos do crime da Samarco com o estouro da barragem de Fundão, em Mariana, nenhuma casa foi construída, não sabemos o número de pessoas atingidas, não temos estudo sobre os impactos na saúde, as mulheres não são reconhecidas como atingidas, entre outras tantas violações ambientais e de direitos dos atingidos. O poder judiciário até hoje não responsabilizou nenhum dos diretores das empresas envolvidas pelo crime e não assegurou a reparação integral das famílias. Muito pelo contrário, tem atuado na seletividade punitiva, criminalizando a manifestação das famílias, os movimentos populares e as organizações da sociedade civil.

É importante destacar que a companhia Vale S.A já foi uma empresa do povo brasileiro, mas nos anos 90 foi privatizada. O que vemos atualmente é uma empresa superpoderosa que atua para o lucro dos acionistas, mas não tem qualquer compromisso com a vida humana e o meio ambiente.

Mais uma vez essas grandes empresas e a conivência dos governos demonstram as suas prioridades pelas taxas de lucro em detrimento da qualidade de vida da população. Não há desenvolvimento regional, há destruição de vidas e contaminação dos rios e da natureza."

(Com informações da AFP e da France 24)

 

 

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