Carlos Ghosn pode ficar mais seis meses na prisão, segundo advogado de defesa
O presidente da gigante automobilística francesa Renault, o franco-libanês brasileiro Carlos Ghosn, vai continuar detido. Seu pedido de liberdade sob fiança foi recusado pelo tribunal de Tóquio, nesta quarta-feira (10). Segundo seu advogado, Ghosn pode ficar ainda mais seis meses na prisão.
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Segundo Motonari Otsuru, principal advogado de defesa do executivo, seu cliente tem poucas chances de ser libertado em breve. Ele disse ser “muito difícil” obter liberdade sob fiança antes de o caso ser julgado. De acordo com Otsuru, o julgamento pode levar pelo menos seis meses para começar.
O juiz que determinou a recusa explicou que a detenção seria mantida pelo alto risco de fuga e pela possibilidade de Ghosn alterar provas. O atual período de detenção termina nesta sexta-feira (11), com grande probabilidade se ser renovado.
O ex-número um da aliança entre os construtores Renault, Nissan e Mitsubishi foi detido no dia 19 de novembro e indiciado em 10 de dezembro, acusado de sonegar 5 bilhões de ienes (cerca de R$ 170 milhões) em rendas entre 2010 e 2015. Ghosn também é suspeito de sonegação de renda entre 2015 e 2018, de abuso de confiança, e de desviar dinheiro de uma conta da Nissan para um amigo saudita.
"Acusado falsamente e detido de maneira injusta"
Na terça-feira (8), em seu primeiro comparecimento diante da justiça japonesa, ele recordou que "dedicou duas décadas de sua vida para reerguer" a montadora japonesa e disse que foi "acusado falsamente e detido de maneira injusta". Ele assegurou que de modo algum fez a Nissan compensar suas perdas pessoais e detalhou as transações pelas quais ele é acusado de quebra de confiança, afirmando que as quantias transferidas por uma subsidiária da Nissan para um empresário saudita foram pagas pelos serviços prestados para o grupo na região do Golfo.
Os familiares do executivo não escondem sua indignação. Duas de suas filhas, entrevistadas pelo New York Times, questionaram se todo o processo não se deve a um truque da Nissan para evitar um possível projeto de fusão com a Renault.
A esposa de Greg Kelly, braço direito de Ghosn, preso no mesmo dia que ele e libertado em 25 de dezembro sob fiança, também denunciou uma "trama internacional, uma traição de alguns líderes da Nissan".
Um cenário que a montadora japonesa negou, afirmando que não tinha escolha a não ser "acabar com as ações perigosas" de quem um dia salvou a empresa.
Diante da avalanche de acusações, a Renault optou por permanecer discreta e manter sua confiança em Carlos Ghosn, enquanto a Nissan e a Mitsubishi Motors rapidamente o retiraram da presidência do conselho de administração.
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