Acessar o conteúdo principal
Brasil

Presidente Temer se despede "sem pena nem glória" da agenda internacional

Os presidentes dos países do Mercosul se reúnem nesta terça-feira (18) em Montevidéu, no Uruguai, na última cúpula antes da posse de Jair Bolsonaro, que pode ser o pivô de mudanças neste bloco comercial. O Mercosul está na mira de Bolsonaro. A reunião é também o último compromisso da agenda internacional do presidente Michel Temer.

O presidente Michel Temer no Palácio da Alvorada, em Brasília, em 6 de dezembro de 2018.
O presidente Michel Temer no Palácio da Alvorada, em Brasília, em 6 de dezembro de 2018. REUTERS/Adriano Machado
Publicidade

Márcio Resende, enviado especial da RFI a Montevidéu

Se, para ter importância internacional, um país precisa ser líder em sua região, o Brasil, durante a presidência de Michel Temer, não só perdeu o exercício da sua liderança regional como também teve participação apenas figurante no cenário global.

Depois de dois anos no cargo, qual é a projeção externa que Temer deixa para o Brasil? Nas reuniões de cúpula, Temer oscilou entre participações discretas e irrelevantes; entre presenças protocolares e de segundo plano. Para os líderes, a legalidade da presidência Temer esbarrou sempre na falta de legitimidade do voto direto, por mais que tenha sido eleito na chapa de Dilma Rousseff.

Em entrevista à RFI, o chanceler brasileiro, Aloysio Nunes, negou que o Brasil tenha perdido protagonismo nos últimos dois anos. "Claro, nós tivemos uma diminuição grave da nossa economia, uma recessão que nos fez perder cerca de 8% do nosso PIB (somados 2015 e 2016). Tivemos também turbulências políticas fortes, mas o Brasil se manteve no rumo", defendeu o ministro. 

"Acho que fizemos muita coisa, sobretudo alinhando o Itamaraty com uma política mais ampla do presidente Temer de abertura, de mudanças, de inserção do Brasil no mundo, como estratégia de desenvolvimento", completou.

Aloysio Nunes foi muito elogiado nesta reunião do Mercosul e recebeu acaloradas homenagens de despedida dos seus colegas, Jorge Faurie, da Argentina e, sobretudo, Rodolfo Nin Novoa, do Uruguai.

Papel figurante do Brasil

O presidente Michel Temer se despede da política externa "sem pena nem glória", uma expressão muito comum entre os vizinhos do Mercosul. Temer deixa um palco com mais refletores apagados do que acesos.

Há 18 dias, a última reunião de cúpula do G20, em Buenos Aires, foi a maior ilustração do papel figurante do Brasil. Pela primeira vez, as vinte maiores economias do mundo se reuniram na América do Sul. Naturalmente, caberia ao Brasil, cujo Produto Interno Bruto (PIB) quintuplica o argentino, organizar o evento.

Durante o G20, Michel Temer teve apenas duas reuniões bilaterais, Singapura e Austrália, sendo a última solicitada no dia anterior com espaço de sobra na agenda do brasileiro. Buenos Aires, por exemplo, teve 13 reuniões bilaterais. A Argentina sediava o encontro, é verdade, mas como explicar que tantos líderes tenham cruzado o espaço aéreo brasileiro sem fazer uma escala nem na ida nem na volta?

Em 2005, por exemplo, também em Buenos Aires, durante a reunião de Cúpula das Américas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva  voltou mais cedo para casa para receber o então presidente George W. Bush, que aproveitava a ida à Argentina para uma visita ao Brasil.

Michel Temer está em Montevidéu para esta última reunião de cúpula, mas o foco dos vizinhos está em outro protagonista aqui ausente: Jair Bolsonaro e o pode significar o seu governo para o futuro deste bloco e da região.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.