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Brasil/Eleição

Denúncia de estupro de estudante por razões políticas gera protestos em Fortaleza

A Polícia Civil do Ceará, por meio da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), investiga uma denúncia de estupro contra uma estudante em Fortaleza. A vítima vinha sendo ameaçada há dias e alega o possível caráter político do crime. Militantes foram às ruas em protestos na tarde desta sexta-feira (26).

Partidários de Haddad decidiram protestar na praça Portugal, onde geralmente se reúnem os eleitores de Bolsonaro
Partidários de Haddad decidiram protestar na praça Portugal, onde geralmente se reúnem os eleitores de Bolsonaro RFI
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Enviado especial a Fortaleza

A estudante de 33 anos da Universidade de Fortaleza (Unifor) foi atacada na noite de quinta-feira nos arredores do campus. De acordo com as primeiras informações divulgadas, ela teria sido abordada por três homens armados.

A vítima já havia registrado um Boletim de Ocorrência por injúria racista na terça-feira (23) e afirma que vinha sendo ameaça por meio das redes sociais. Partidária de Fernando Haddad, ela sustenta que o crime poderia ter uma motivação política e acusa os partidários do candidato Jair Bolsonaro.

A Unifor lançou nota de repúdio após a agressão e diz estar "tomando as medidas cabíveis junto às autoridades competentes". A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/CE) também se manifestou sobre o caso. “É lamentável e repugnante o nível que se chega nessas eleições. É preocupante o empoderamento de grupos que repercutem o discurso de ódio”, declarou o órgão, em apoio à jovem.

Mesmo se o caso ainda esteja sendo investigado e nenhuma prova que possa sustentar as alegações tenha sido divulgada, a agressão provocou grande comoção em Fortaleza. Estudantes da Unifor, mas também de outras instituições, protestaram na manhã desta sexta-feira em frente ao campus para denunciar casos de violência e preconceito ligados à intolerância política.

Eleitores de Haddad foram protestar no reduto dos Bolsonaristas

Outro protesto foi realizado durante a tarde. O local escolhido pelos manifestantes - principalmente eleitores de Fernando Haddad - , foi a praça Portugal, zona conhecida por concentrar os partidários de Jair Bolsonaro na capital cearense, no que foi visto por muitos como um ato de provocação.

Dezenas de pessoas com bandeiras vermelhas e cartazes pedindo justiça e respeito à democracia se reuniram no local logo no início da tarde. Eles eram observados de longe por partidários de Bolsonaro, que passavam pela região carregando bandeiras do PSL, em um clima de tensão palpável.

Mas com o cair da noite o protesto ganhou ares de festa, com muita música, balões, faixas e bandeiras gigantes. Os manifestantes invadiram as ruas que rodeiam a praça e dançaram até tarde.

Violência na reta final

"Essa campanha trouxe muita violência no seio da sociedade", comenta a socióloga Monalisa Soares, professora da Universidade Federal do Ceará, que alerta para o discurso eleitoral ameaçador. “O próprio candidato do PSL diz coisas do tipo ‘vamos varrer os vermelhos’. O discurso de intimidação está posto e já temos assistido a casos de violência concreta”, pontua.

Durante a apuração de votos no primeiro turno, um homem avançou com seu carro tentando atropelar eleitores de Bolsonaro após uma discussão, na mesma praça Portugal. Além disso, é cada vez maior o número de mensagens com tom ameaçador que circulam nas redes sociais. Na tarde desta sexta-feira, um coletivo autodenominado Grupo de extermínio nazista do Brasil pró-Bolsonaro divulgou via Whatsapp uma mensagem na qual anuncia “uma varredura de comunistas, gays, negros, moradores de rua, nordestinos e mulheres vagabundas” no próximo domingo (28).

“Depois de votarem 17, recolham-se em suas casas. Não saiam ou serão vítimas de algum ‘efeito colateral’ como bala perdida, mortes e até estupros”, finaliza o texto.

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