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Brasil

Brasil está a um passo do regime autoritário, diz analista francês

O cientista político Dominique Moisi, autor de uma coluna de geopolítica publicada no jornal Les Echos, analisa nesta segunda-feira (15) o que representaria uma vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial no Brasil. Um mergulho no obscurantismo, fenômeno que se espalha em várias regiões do mundo, "unindo continentes numa cultura de ódio e medo, ou no mínimo de revolta, como é o caso do Brasil", escreve o especialista.

Depois de China, Índia, Rússia e Turquia, Brasil é a primeira potência da América Latina ameaçada pelo retorno do autoritarismo.
Depois de China, Índia, Rússia e Turquia, Brasil é a primeira potência da América Latina ameaçada pelo retorno do autoritarismo. Reprodução RFI
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Segundo Moisi, assessor especial do Instituto Montaigne, um grupo de reflexão que tem por objetivo conciliar competitividade e coesão social, "o incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro representou simbolicamente uma advertência antes de se abrirem as portas do inferno no Brasil", com a possível eleição de Bolsonaro.

O analista procura situar o Brasil no panorama global de retorno dos regimes autoritários. "Em termos de demografia, de potência econômica ou militar, de superfícies habitáveis, a maior parte dos gigantes do planeta – China, Rússia, Turquia e Índia – são dirigidos atualmente por homens fortes ou que pretendem ser", diz Moisi. E amanhã poderá ser o Brasil. "Tudo se passa como se diante da complexidade crescente do mundo, a única resposta simplista possível fosse a concentração do poder nas mãos de uma única pessoa", argumenta.

A melhor resposta ao populismo é "tratar os problemas", costumam dizer os dirigentes democráticos. Mas, no caso do Brasil, isso não aconteceu nos últimos dez anos, reporta o analista. A violência cresceu a ponto de fazer mais vítimas do que a guerra civil na Síria. Os brasileiros estão revoltados.

Juízes alimentam transferência de votos para extrema direita

Com muita pertinência, o cientista francês afirma que a explosão da violência associada a uma interpretação estrita da lei contra a corrupção foram associadas para abrir as portas do poder a Bolsonaro. "Ao impedir o ex-presidente Lula de se apresentar na eleição, os juízes brasileiros empurraram uma grande parte dos eleitores brasileiros a transferir seus votos para o candidato de extrema direita", ressalta. Destituído do carisma de Lula, o petista Fernando Haddad não consegue enfrentar a rejeição maciça aos políticos tradicionais, constata.

Em duas semanas, tudo indica que os brasileiros vão eleger um homem à altura das derivas do país, uma mistura explosiva de Donald Trump, o presidente americano, com Rodrigo Duterte, o dirigente filipino, e "as portas do inferno estarão abertas", conclui o analista.

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