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Trump comemora acordo que substitui o Nafta e acusa Brasil de tratar injustamente empresas americanas

O presidente americano, Donald Trump, elogiou o que chamou de "acordo de comércio mais importante da história dos Estados Unidos", concluído no final do domingo (30) com o México e o Canadá. Em uma entrevista coletiva nessa segunda-feira (1) para tratar de comércio internacinal, Trump disse que o Brasil é um dos países mais difíceis do mundo para manter relações comerciais.

Donald Trump em coletiva de imprensa na Casa Branca, em 01/10/2018.
Donald Trump em coletiva de imprensa na Casa Branca, em 01/10/2018. REUTERS/Kevin Lamarque
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Após uma ríspida troca de farpas durante o processo de negociação com os canadenses, Donald Trump se referiu hoje ao primeiro-ministro Justin Trudeau como sendo “um homem bom” e “que ama o povo de seu país”.

"O acordo vai reger cerca de US$ 1,2 trilhão em comércio, o que o torna o maior acordo comercial da história dos Estados Unidos", afirmou Trump na entrevista coletiva realizada em Washington.

Porém, enquanto o presidente exaltava o texto na longa conferência dedicada especialmente ao comércio, logo apareceram as primeiras críticas e questionamentos. Jornalistas o indagaram sobre a implementação das novas regras e sobre um possível bloqueio no Congresso dos Estados Unidos que, após as eleições legislativas de novembro, poderá retomar uma maioria de oposição democrata.

“O senhor acha que o texto será adotado no Congresso?”, perguntou um repórter. Em resposta, Donald Trump assegurou que tinha outras opções à sua disposição caso o Congresso viesse a rejeitar o novo acordo, mas sem elaborar mais detalhes.

Alguns democratas enfatizaram a necessidade de olhar atentamente para o acordo, mas não rejeitá-lo com antecedência.

Segundo analistas, Trump quer mostrar o sucesso de sua política protecionista "America First" ("Estados Unidos em primeiro lugar") antes das eleições legislativas de novembro, nas quais o Partido Republicano teme perder o controle do Congresso.

 

Nova história

"Eu estou muito satisfeito em compartilhar com o povo americano essa nova história para a nossa nação e também para o mundo", disse Trump, visivelmente satisfeito. "Esse acordo histórico atrairá dinheiro e empregos para os Estados Unidos e a América do Norte", completou.

Trump, que geralmente não é conhecido por sua atenção aos detalhes, elaborou uma longa lista de benefícios para agricultores que poderão exportar mais ou para os trabalhadores da indústria automobilística dos EUA que, segundo declarou, poderão manter seus empregos. O presidente ainda destacou benefícios ao meio ambiente e à propriedade intelectual.

Trump quer assinar o texto no final de novembro com o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, que deixa o poder em 1º de dezembro e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

O novo Acordo México-Canadá-Estados Unidos (USMCA, na sigla em inglês) precisa ser ratificado pelos parlamentos dos três países e deve renovar o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, em inglês), em vigor desde 1994.  O pacto engloba uma região de 500 milhões de habitantes.

O acordo foi fechado no final do domingo (30) após onze horas de negociação e um ano de tentativas de substituir o antigo pacto comercial de 24 anos que o presidente dos Estados Unidos rotulou de "desastre".

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, também celebrou o que definiu como um acordo "totalmente benéfico" para os canadenses. Porém, enfatizou que agora será preciso passar essa ideia para agricultores, sindicatos e eleitores.

Laticínios em debate

No lado canadense, os produtores de leite denunciaram nessa segunda-feira que o novo acordo abre o setor à concorrência estrangeira. "Não vemos como esse acordo pode ser bom para as 220 mil famílias que dependem da indústria de laticínios para sobreviver ", disse em um comunicado Pierre Lampron, presidente da Associação Canadense de Produtores.

Os produtores de laticínios do Canadá alertaram que dar aos fazendeiros americanos uma fatia adicional de 3,59 % de 20 bilhões de dólares canadenses  (US $ 16 bilhões) do mercado de leite e queijo "terá um impacto dramático não apenas para os produtores, mas para todo o setor".

O sistema de gestão de suprimentos do Canadá controla a produção e o preço do leite e das aves, garantindo rendimentos estáveis ​​para os agricultores canadenses. Preservar a proteção para laticínios era algo politicamente importante para Trudeau, cujo partido liberal enfrenta eleições no ano que vem.

Entretanto, no final, Trudeau acabou cedendo na maior demanda de Trump. Ottawa abrirá mais o seu protegido mercado de laticínios aos Estados Unidos. Atualmente, a  tarifa canadense de importação a muitos desses produtos é de até 275%.

Em Quebec, políticos lamentaram que setores importantes da economia canadense fossem sacrificados em nome do acordo. "O pior cenário se concretizou", disse o líder do Partido do Quebec, Jean-François Lisee.

Trump ressalta dificuldade nas relações comerciais com o Brasil

Durante a coletiva de imprensa sobre o novo acordo comercial entre Estados Unidos, México e Canadá para substituir o Nafta, o presidente Donald Trump acusou o Brasil de  tratar "injustamente" as empresas americanas, afirmando que o país é um dos mais difíceis do mundo para manter relações comerciais.

"É uma beleza. Eles cobram o que quiserem de nós. Se você perguntar nas empresas, vão dizer que o Brasil está entre os mais difíceis, talvez o mais difícil do mundo. Nós não ligamos para eles e dizemos: 'Vocês estão tratando nosso país injustamente'", afirmou Trump.

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