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Cinema

Três filmes brasileiros são premiados no Festival de Biarritz: “Deslembro”, “Bixa Travesty” e “O Orfão”

O Brasil foi amplamente recompensado na 27ª edição do Festival Biarritz América Latina, que termina nesse domingo (30) no sudoeste da França. O longa “Deslembro”, de Flávia Castro, recebeu o prêmio do Sindicato Francês dos Críticos de Cinema; “Bixa Travesty, de Cláudia Priscilla e Kiko Goifman, ganhou o prêmio de melhor documentário e “O Orfão”, de Carolina Markowicz, ficou com o prêmio de melhor curta-metragem.

O filme "Deslembro", de Flávia Castro, foi premiado pelo Sindicato Francês dos Críticos de Cinema
O filme "Deslembro", de Flávia Castro, foi premiado pelo Sindicato Francês dos Críticos de Cinema festivaldebiarritz.com
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Enviada especial a Biarritz

O filme colombiano “Pájaros de verano” de Cristina Gallego e Ciro Guerra, que relata a decadência nos anos 70 da tribo indígena Wayuu a partir de sua entrada no emergente comércio local de maconha, recebeu a grande distinção do festival, o “Abrazo” de melhor filme de ficção da seleção.

O prêmio do público foi para “La Noche de 12 años” do uruguaio Álvaro Brechner, baseado nos testemunhos de torturas sofridas na prisão por três ex-guerrilheiros tupamaros. Entre esses, o emblemático ex-presidente Pepe Mujica. O longa acaba de ser selecionado para representar o país na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro. O prêmio do júri foi atribuído à “La Flor” do argentino Mariano Linás, que dura 14 horas e reúne seis histórias, interpretadas por 4 atrizes em papeis diferentes.

Boa safra brasileira

As cineastas brasileiras Flávia Castro, diretora do longa “Deslembro” e Carolina Markowicz de “O Orfão (melhor curta-metragem) estão em Biarritz, onde recebem os prêmios esta noite (29) numa cerimônia de encerramento do festival.

Ao receber o prêmio, a diretora de "Deslembro" dedicou o filme às mulheres brasileiras "que organizaram o movimento #EleNão para enfrentar o candidato da extrema direita", declarou Flávia, em alusão aos protestos realizados contra Jair Bolsonaro neste sábado em várias partes do mundo, inclusive na França. "No próximo domingo nós vamos votar e não vamos deixá-lo passar", completou, sob os aplausos da plateia.

“Deslembro”, produzido por Brasil, França e Catar, é um filme que começa com o retorno ao Rio de Janeiro de uma família exilada em Paris, após a aprovação no Brasil da lei da Anistia em 1979.

Em entrevista à RFI, Flávia disse que o filme é em parte autobiográfico. A personagem central, a adolescente Joana, (interpretada pela francesa Jeanne Boudier), é inspirada na sua própria experiência no exílio e no seu retorno ao Rio, quando tinha 13 anos. Segundo a cineasta, a temática central do filme é a “relação de uma adolescente com a memória”.

O filme foi exibido recentemente na mostra “Horizontes” do Festival de Veneza e deve estrear no Brasil em 2019, depois de passar por vários festivais. Flávia Castro explicou à RFI que esse longa é a continuidade do documentário “Diário de uma Busca” no qual a cineasta tenta desvendar a morte de seu pai, o jornalista Celso Afonso Gay de Castro, que morreu em circunstâncias suspeitas quando voltou para Porto Alegre em 1984, após anos de exílio com sua família por vários países. Esse filme ganhou, aliás, em 2010, os prêmios de melhor documentário no Festival de Biarritz e no Festival do Rio.

Igualdade de gênero

Carolina Markowick, também premiada em Biarritz, já havia recebido no último festival de Cannes a “Palma Queer” pelo mesmo curta “O Órfão”, que estreou na seção Quinzena dos Realizadores desse festival.  O filme conta a história de um menino órfão, negro, de 13 anos que consegue ser adotado por uma família, mas é rejeitado por ser afeminado.

O curta já passou pelos festivais de Locarno, Lisboa e Toronto. Carolina revelou à RFI em Biarritz seu projeto de primeiro longa-metragem, que já está bem avançado: o filme “Quando a minha vida era a minha vida”, que será rodado em parte na tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai). É a história de uma organização especializada em esconder fugitivos em casas de família no interior do Estado de São Paulo. No elenco, já confirmados, estão os argentinos César Bordon e Rita Cortese (“Relatos Selvagens”) e a brasileira Maeve Jinkings.

“Bixa Travesty”, de Cláudia Priscilla e Kiko Goifman, levou o prêmio de melhor documentário em Biarritz, que é concedido pelo grupo France Médias Monde (do qual faz parte a RFI). O filme conta a história da performer Linn da Quebrada, ícone atual do debate da questão de gênero na cultura pop no Brasil.

O documentário estreou na seção Panorama da última Berlinale, o Festival Internacional de Cinema de Berlim, e teve excelentes críticas. Cláudia e Kiko já receberam várias distinções internacionais com o documentário “Olhe para mim de novo”, prêmio especial do júri no Festival do Rio em 2011.

O Festival Biarritz América Latina tem se tornado uma passagem obrigatória para cineastas e artistas brasileiros nos últimos anos. Fora da competição oficial dois outros filmes brasileiros foram exibidos nesta edição: “Los Silêncios”, de Beatriz Seigner, e “Benzinho”, de Gustavo Pizzi. No ano passado, o longa de ficção “As boas maneiras”, de Juliana Rojas e Marcos Dutra, ganhou uma menção especial do júri e “Cine São Paulo”, de Ricardo Martensen e Felipe Tomazelli, ficou com o prêmio de melhor documentário.

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