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Eleições 2018

Eleitores querem ter segundo turno e não cedem à onda do voto útil

Apesar da polarização entre os líderes nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), confirmada por uma nova pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira (24), muitos eleitores não querem pular a etapa do primeiro turno. Eles querem escolher seus candidatos pelo perfil, a experiência acumulada e o programa de governo, mesmo se tiverem poucas chances de passar para o segundo turno. Esta é a regra do voto consciente e democrático.

Os cinco principais candidatos às eleições presidenciais: Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Fernando Haddad, Marina Silva e Ciro Gomes.
Os cinco principais candidatos às eleições presidenciais: Jair Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Fernando Haddad, Marina Silva e Ciro Gomes. Fotomontagem RFI/ Reuteurs
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Da enviada especial a São Paulo, Rio de Janeiro e Recife

A empregada doméstica Eneide da Silva, 50 anos, de São Paulo, quer uma mulher na presidência. “Vou votar na Marina Silva porque acho que ela é honesta, ela é do povo e me identifico um pouco por ela ter sido doméstica. Talvez ela não chegue no segundo turno, acredito que não, mas pelo menos vou votar em alguém que não vai me provocar arrependimento no primeiro turno.”

O carioca Igor Gomes, 26 anos, agente de segurança, ainda está indeciso. “Estou em dúvida entre Geraldo Alckmin e Marina. Alckmin é uma pessoa que vem da área de saúde. Eu não vejo que o país esteja em um momento em que deva se voltar só para a área de segurança como outros candidatos à presidência têm dito. Acho que a educação deveria ser prioridade, assim como a saúde.”

Pablo Guilherme, 17 anos, eleitor em Recife, irá votar pela primeira vez. “Eu vou votar em João Amôedo, porque minhas ideias, no caso da política, são liberais, voltadas para o comércio e a liberdade econômica. Acho que Amôedo defende essas ideias e compartilho com ele.”

A jovem Tainá, de 16 anos, aluna da Escola Técnica Estadual Cícero Dias, um estabelecimento de referência na capital pernambucana, vai dar seu primeiro voto para presidente a Ciro Gomes (PDT). Segundo a jovem, Ciro “tem as propostas mais razoáveis e que parecem concretas”.

Charles Alexandre, de 18 anos, que já parou de estudar e trabalha, diz que até pensou em não votar no dia 7 de outubro. Mas ele decidiu ir às urnas “devido à situação crítica do Brasil”. “Eu percebo que Jair Messias Bolsonaro é o cara que vai resolver nossos problemas, essa situação. Não acredito mais que o sistema socialista no qual fui doutrinado em minha escola funcione mais. O sistema socialista pode até parecer bonito no começo, mas no final a gente sabe o que acontece: foi o que aconteceu com Stalin, com Hitler e na Venezuela. Eu não quero ver a minha mãe passando fome.”

A estudante Natália, 20 anos, já prefere votar no candidato petista. Segundo ela, que vai prestar o vestibular neste ano, Haddad é o candidato que mais corresponde a suas idealizações. “Ele é perfeito”, resume a jovem.

Bolsonaro estagna

De acordo com uma nova pesquisa Ibope divulgada nesta segunda-feira (24), Bolsonaro estacionou com 28%, enquanto Haddad subiu de 19% para 22%, confirmando o segundo lugar isolado na disputa.

Ciro segue com 11%, Marina recuou de 6% para 5% e Alckmin, o presidenciável com maior tempo de propaganda na TV, ganhou um ponto e tem agora 8%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos, para mais ou para menos.

O Ibope fez quatro simulações para o segundo turno e mostra que Bolsonaro perde para Haddad, Ciro e Alckmin. O candidato da extrema direita só empata com Marina.

A pesquisa anterior do Ibope foi publicada no dia 18. Vários fatores interferem para a estagnação de Bolsonaro no intervalo de uma semana. O rival tucano adotou um tom mais agressivo contra o candidato do PSL na TV. Os anúncios desencontrados do assessor econômico de Bolsonaro, Paulo Guedes, sobretudo na área de impostos revelaram divergências na cúpula da campanha. O movimento das mulheres #EleNão nas redes sociais, além dos apelos de intelectuais e artistas em defesa da democracia, incluindo a cantora Annita, fizeram a rejeição de Bolsonaro subir quatro pontos, de 42% para 46%. No caso de Haddad, a rejeição passou para 30%.

O Nordeste confirma seu papel de região decisiva para o primeiro turno. Bolsonaro esta à frente em todas as regiões do país, à exceção do Nordeste.

02:47

Reportagem Adriana Moyses

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