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“Lula adiou troca e prejudicou campanha de Haddad”, diz analista David Fleischer

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A oficialização de Fernando Haddad como candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à eleição presidencial em substituição a Lula foi tardia demais e prejudicou consideravelmente sua campanha. Essa é a análise do professor emérito do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Brasília, David Fleischer.

O professor emérito do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de brasília, David Fleischer.
O professor emérito do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de brasília, David Fleischer. Foto: Arquivo Pessoal
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“A mudança foi tardia e vai dar muito pouco tempo para Haddad fazer campanha”, diz o cientista político. “O PT deveria ter trocado essa candidatura há duas ou três semanas, para ter dado um pouco mais de chances para Fernando Haddad fazer campanha”, prossegue.

O professor joga toda a responsabilidade da  decisão ao ex-presidente, que tentou com vários recursos na justiça viabilizar sua candidatura, retardando uma troca que se mostrava cada dia mais evidente e necessária.

“Por imposição de Lula, que manda e desmanda no partido, foi adiada essa troca, o que foi muito prejudicial ao candidato Haddad”, insiste o cientista político, lembrando que o ex-prefeito de São Paulo foi privado de muitas entrevistas e participação nos primeiros debates.

“O PT não é um partido. É uma organização totalmente subordinada a Lula. Era mais importante a propaganda da personalidade de Lula do que o sucesso do partido. Muitos acham que o PT cometeu suicídio por adiar tanto essa decisão”, avalia.

“A decisão era dada certa por todo mundo. Como ser candidato contra a lei? A Ficha Limpa diz que um condenado em segunda instância não pode ser candidato. Seria inusitado o Brasil ter um candidato de dentro de uma prisão. Não conheço nenhum outro país com candidato à eleição em uma prisão durante a campanha”, acrescentou.

Desafio: herdar votos de Lula

Para Fleischer, o maior desafio do ex-prefeito paulistano será herdar os votos do eleitorado de Lula, especialmente porque o ex-presidente está impedido de aparecer na campanha eleitoral apoiando o candidato.

“No Nordeste, Haddad é chamado de ‘Andrade’, de tão desconhecido”, exemplifica. “As pesquisas mostram que ele não cresceria o bastante para chegar ao segundo turno contra Bolsonaro”, diz.

O professor da UnB também comenta as últimas pesquisas mostrando um aumento de votos para o candidato do Jair Bolsonaro (PSL), depois do ataque sofrido durante um evento de campanha em Juiz de Fora.

Apesar de estar impedido de sair às ruas para fazer campanha junto ao eleitorado, o cientista político norte-americano prevê que entrevistas e vídeos feitos dentro do hospital manterão o candidato em evidência na mídia. Essa exposição “talvez vá incrementar ainda mais sua posição nas pesquisas”, prevê.

Com as sondagens apontando variações com empate técnico entre Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT), pelo segundo lugar,  David Fleischer considera a eleição extremamente imprevisível, sem excluir surpresas. “A única coisa que parece definida é a presença, quase com certeza, de Bolsonaro no segundo turno. Quem vai com ele, ainda está muito indefinido”, conclui.

 

 

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