"Lula continua dando as cartas", diz Les Echos sobre liderança de petista nas pesquisas
O Brasil está no foco da imprensa francesa desta quarta-feira (22). Os jornais trazem duas matérias, sobre dois assuntos em destaque: a crise dos imigrantes venezuelanos e as eleições para presidente.
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"Brasil: na prisão, Lula continua dando as cartas" é a manchete de uma matéria publicada pelo correspondente do jornal Les Echos em São Paulo, Thierry Ogier. O repórter escreve que, mesmo detido, duas pesquisas divulgadas nesta semana mostram que o candidato petista está em evolução constante, com 37% das intenções de voto. "Ele é seguido pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, que passaria à liderança das sondagens, caso Lula seja declarado inelegível", reitera Les Echos.
O resto do "pelotão", inclusive os candidatos próximos do empresariado, está longe nas pesquisas de intenção de voto, salienta o jornal. "Até mesmo Geraldo Alckmin, candidato do 'conservador PSDB', diz Les Echos, apoiado por outros oito pequenos partidos da direita, tem dificuldades para decolar".
A imprevisibilidade das eleições é preocupante aos olhos de Les Echos, para quem tudo pode acontecer. Além disso, o alto desemprego e a violência nas ruas - que atinge níveis dramáticos - contribuem para alimentar um forte sentimento antissistema e dá crédito a respostas simplistas para esses problemas, conclui o jornal.
Venezuelanos no Brasil
"O Brasil pena para gerenciar o fluxo de refugiados venezuelanos" é a manchete de uma matéria assinada pelo correspondente do Le Figaro no Rio de Janeiro, Michel Leclercq. O repórter lembra o violento episódio do fim de semana em Pacaraima, quando moradores desta cidade na fronteira de Roraima com a Venezuela atacaram imigrantes venezuelanos.
"Esse tipo de incidente reflete a hostilidade crescente da população local diante da chegada diária de centenas de venezuelanos neste Estado da região amazônica, um dos mais pobres do país", escreve o repórter. Segundo ele, outros países da região, como a Colômbia, o Equador, o Peru, estão desestabilizados pela crise humanitária sem precedentes na Venezuela.
Le Figaro ressalta que cerca de 130 mil venezuelanos atravessaram a fronteira com o Brasil para fugir do caos. Eles representam hoje um décimo dos 300 mil habitantes da capital Boa Vista, mas Pacaraima sofre para abrigá-los e alimentá-los, e muitos dormem na rua. No entanto, ressalta que a quantidade de imigrantes que o Brasil recebe é baixa, comparada com outros países da América do Sul.
Para o jornal, a reação da população do Roraima mostra a dificuldade do governo brasileiro em dividir melhor os refugiados entre as outras regiões do país. A seis semanas das eleições, em que um candidato da extrema-direita aparece na liderança das pesquisas, as autoridades precisam urgentemente se implicar na resolução do problema e evitar que políticos xenófobos se apropriem desta questão, conclui Le Figaro.
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