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Linha Direta

PT inicia plano B com Fernando Haddad como vice de Lula

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Executiva do Partido aprova nome do ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, como provável vice na chapa Lula com o desafio de transferir votos do ex-presidente. Já Geraldo Alckmin, com ampla rede de apoio, tem que mostrar força entre o eleitor. Marina, Ciro Gomes e Bolsonaro terão como obstáculo a falta de alianças

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, durante a convenção do PT, neste final de semana
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, durante a convenção do PT, neste final de semana (Foto: Reuters)
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Raquel Miúra, correspondente da RFI em Brasília

Em seu discurso, o PT insiste que Lula será candidato, mas apesar do nome dele ter sido aclamado em convenção, o partido sabe que o desafio será transferir os votos do ex-presidente, que lidera as pesquisas, mas está preso, para seu eventual substituto. Em reunião neste domingo (5), a Executiva petista seguiu orientações de Lula e aprovou como vice na chapa o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, mostrando que ele deve herdar o lugar do ex-presidente na disputa. O anúncio oficial depende das últimas negociações com o PCdoB, caso sua candidatura seja impugnada.

O PT terá de mostrar que, apesar da grande rejeição, tem condições de unir o país, embora o discurso continue sendo de combate, como mostrou na convenção a presidente da sigla Gleisi Hoffman. “Parte da Justiça tem como objetivo perseguir o presidente Lula. Mas não vão conseguir, de jeito algum. Não há história política no Brasil sem falar em Lula e no PT”, declarou.

Já Geraldo Alckmin, do PSDB, terá quase metade de todo o tempo de propaganda porque fechou uma ampla rede de apoio, mas tem como desafio converter aliança em voto. A vice do tucano é a senadora Ana Amélia, do Progressistas do Rio Grande do Sul, visando votos numa região onde Jair Bolsanaro se mostrou forte nas pesquisas. Ciente de que precisa conquistar o eleitor, Alckmin se mostrou mais ofensivo na convenção, com ataques ao PT e também a Bolsonaro.

Acusações contra a administração em São Paulo

Apesar de o tucano não ter avançado nas pesquisas até aqui, seus apoiadores apostam numa polarização com o PSDB na briga. “Acredito que, em algumas semanas, esse quadro deva se desenhar desta maneira. De um lado Geraldo Alckmin e, de outro, algum nome da esquerda. Alguém do PT ou outro nome da esquerda rivalizando com o tucano”, disse o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do PSD, partido que vai apoiar Alckmin. Outro desafio do tucano será responder às acusações de corrupção que envolvem a administração em SP e vários de seus aliados.

Já Jair Bolsonaro, do PSL, lidera as pesquisas no quadro sem Lula, mas terá pouquíssimo tempo de TV e sabe que será alvo de vários adversários. O desafio de se manter na ponta e ampliar votos além de seu público cativo esbarra, por exemplo, na aliança que fechou após três tentativas fracassadas: o general Hamilton Mourão, do PRTB, será o vice. São dois militares que já elogiaram a ditadura de 1964 e dão o tom conservador da chapa. Mourão chegou a falar em intervenção durante o governo Dilma Rousseff, mas, nesse domingo, minimizou as colocações feitas. “Acho que não há nenhum espaço para intervenção nesse momento. Nós estamos dentro do jogo democrático”, declarou.

Marina segue em 2° lugar

Outra candidata, Marina Silva da Rede, está em segundo nas pesquisas sem Lula e vai para sua terceira disputa presidencial com alguns segundos a mais de tempo de TV que Bolsonaro, mas muito atrás de outros rivais. Ela tem um discurso de ataque a corrupção e à velha política e terá de mostrar que, se eleita, conseguirá governar apesar da falta de alianças. O vice dela, Eduardo Jorge, do PV, disse que a ideia é mostrar uma alternativa de poder ao país. “Os extremistas, aqueles que adoram o mercado ou acham que o estado totalitário vai resolver as coisas, têm que saber que os ambientalistas, partidos como Rede e PV, vieram para mudar totalmente o modo como capitalismo e socialismo organizaram a vida no mundo”, declarou.

Aliados de Marina negam que se trata de uma chapa de um tema único, focado no meio ambiente. Dizem que a Rede construiu um programa consistente em várias áreas, reconhecendo inclusive acertos de outros governos.

Outro que vai para a disputa sem grandes parceiros é Ciro Gomes, do PDT. Ele ficou isolado por uma ofensiva pesada do PT, depois que o partido de Lula abriu mão da disputa em quatro estados para evitar que o PSB apoiasse Ciro e lhe garantisse alguns minutos a mais de propaganda. A chapa de Ciro, que tenta se apresentar como alternativa no centro direita, foi uma solução caseira: a vice será a senadora Kátia Abreu, que ingressou no PDT. Ela é representante do agronegócio e defendeu Dilma Rousseff no impeachment.

O PSB do ex-governador Eduardo Campos, numa convenção tumultuada nesse domingo, confirmou que ficará neutro, não vai apoiar candidato algum no plano nacional. Isso beneficia PT e PSDB. O presidente da sigla Carlos Siqueira foi vaiado e tentou amenizar as críticas dos correligionários que defendiam Ciro ao afirmar que, nos estados, o PSB está livre para apoiar quem quiser. “Não vamos apoiar formalmente ninguém nacionalmente, mas nos estados os candidatos poderão expressar apoio aos candidatos à presidência.

O veto imposto é ao nome de Bolsonaro”, afirmou. O MDB, partido com tempo de TV, mas sem aliança, terá uma chapa “puro sangue” com Henrique Meirelles e o ex-governador do Rio Grande do sul Germano Rigotto. Álvaro Dias, do Podemos, terá como vice o ex-presidente do BNDES Paulo Rabelo de Castro, do PSC.

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