Para Les Echos, economia do Brasil não está longe de um novo surto
O jornal Les Echos desta terça-feira (12) trata de economia brasileira. "O Brasil lança um contra-ataque sobre os mercados" é a manchete de uma matéria assinada por Thierry Ogier, correspondente em São Paulo do diário econômico francês que ressalta que as incertezas políticas e econômicas pairam sobre o país, a poucos meses da eleição presidencial.
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"Goldfajn mostra suas garras", diz o texto, explicando que o presidente do Banco Central do Brasil intensificou seus esforços para aliviar o pânico no mercado de câmbio. Depois de uma queda sem precedentes do Real na última quinta-feira, Ilan Goldfajn anunciou a venda de US$ 24,5 bilhões em contratos de "swaps cambiais" até o fim desta semana para, segundo ele, fornecer liquidez ao mercado, destaca Les Echos.
Diante de um ataque classificado de especulativo por certos analistas financeiros, o Banco Central do Brasil não descartou ir além do nível recorde histórico dos contratos de swaps (cerca de US$ 115 bilhões), e vender uma parte de suas reservas cambiais, se necessário, reitera Les Echos.
A curto prazo, o diário avalia que a tática de Goldfajn parece funcionar. Na última sexta-feira, o dólar registrava sua queda mais forte diante do real da última década, apesar de ter fechado com uma leve alta ontem de 0,5% para venda, a R$ 3,7.
Nova crise à vista
Mas Les Echos ressalta que o mercado brasileiro não está longe de um novo surto. "Além do impacto da política monetária americana e dos efeitos do protecionismo, o endividamento é uma fonte de vulnerabilidade para o gigante latino-americano", publica o jornal. O correspondente do diário em São Paulo lembra que o déficit orçamentário se eleva a 7% do PIB, e a dívida pública chegou a 84% do PIB no ano passado e poderia passar o teto dos 90% em dois anos. O motivo: o fracasso do atual governo em realizar a reforma da previdência, destaca Les Echos.
Além disso, o jornal lembra que a eleição presidencial de outubro gera mais incertezas no Brasil. O problema, aos olhos dos investidores, segundo Les Echos, é que os candidatos pró-business e pró-establishment estão longe nas pesquisas e nenhum deles teria verdadeiras chances de passar para o segundo turno.
Por enquanto, quem lidera as pesquisas de intenção de voto é o ex-presidente Lula, que segue na prisão. Depois dele, vêm o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro e a ecologista Marina Silva. Os especialistas não escondem seu nervosismo sobre a futura política monetária a ser adotada em relação ao grau de incerteza política no Brasil, tanto antes como após as eleições, conclui Les Echos.
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