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Psicóloga lança em Paris livro sobre práticas medicinais e cultura de etnia da Amazônia

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A psicóloga e doutora em Antropologia Social Aparecida Gourevitch lança em Paris o livro "Au-delà de la biomédecine - Mythes, maladie et guérison chez les Indiens Baré en Amazonie" ("Além da biomedicina - Mitos, doença e cura com os Índios Baré na Amazônia", em português). A publicação aborda as práticas sanitárias e os rituais da tribo do norte do Brasil, além de seu rico imaginário ancestral.

A psicóloga e doutora em Antropologia Social, Aparecida Gourevitch.
A psicóloga e doutora em Antropologia Social, Aparecida Gourevitch. RFI/Élcio Ramalho
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*Para ouvir a entrevista na íntegra, clique na foto acima

Com prefácio da antropóloga francesa Marion Aubrée, o livro retraça as práticas da pajelança na tribo dos Baré, na Amazônia, e sua especial topologia de doenças. "Eu fiz um mestrado em Psicologia Social na USP, e a pesquisa foi feita no estado do Amazonas, onde encontrei várias etnias. Em seguida, quando lecionei Medicina Preventiva e Social na Universidade Federal do Amazonas, fizemos um trabalho com as comunidades. Os alunos tinham aula e depois faziam estágio com as comunidades, e nós, uma equipe multidisciplinar de professores, fazíamos a supervisão", conta Aparecida Gourevitch.

"Lá eu entrei em contato com os índios baré. O que me chamou a atenção é que se trata de uma etnia mestiça com o [homem] branco. Quando comecei a fazer o doutorado na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS na sigla em francês), em Paris, escolhi trabalhar sobre os mitos, a doença e a cura nessa etnia", diz a psicóloga.

A pesquisadora considera importante a classificação que os índios fazem das doenças. "A categoria das doenças, para os baré, está ligada à mitologia deles, à cosmologia, à história da Criação, então existem as doenças ligadas aos seres sobrenaturais. Seriam os seres 'do fundo', como se debaixo da água houvessem vilas encantadas. Mas  é preciso imaginar uma outra geografia, com seres encantados que vêm para a Terra encantar pessoas e, às vezes, levá-las para o fundo, onde existiriam cidades parecidas com as nossas, mas muito mais bonitas e ricas", relata.

O eco dos rituais da etnia Amazônica na França

"Encontrei os Baré no momento em que eles estavam reconstruindo a sua história e seus mitos, então foi um momento importante para ajudá-los nesta recuperação", afirma a Gourevitch.

"Outra categoria de doenças catalogada no livro são aquelas provocadas por outra pessoa, como a bruxaria, o mau-olhado", completa. "Tem também as doenças do [homem] branco. São as doenças ligadas à colonização, como a gripe. Essa categoria existe também para outros índios do Rio Negro", diz a psicóloga. 

"A pesquisa foi muito bem vista pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais e pelos meus diretores de tese, como Marion Aubrée. Essa questão do encantamento, das doenças além da Medicina interessam a todas as culturas. Mesmo na França, existem doenças onde o paciente vai procurar o curandeiro", afirma.

O livro, "Au-delà de la biomédecine - Mythes, maladie et guérison chez les Indiens Baré en Amazonie", distribuído na França pela editora L'Harmattan, deve ser em breve traduzido para o português.

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