"Compromisso de ONG Líderes para a Paz é promover soluções pacíficas para conflitos", diz Antonio Patriota
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Representante do Brasil na ONG Líderes para a Paz, lançada oficialmente nesta segunda-feira (14) em Paris, o ex-ministro das Relações Exteriores do governo Dilma Rousseff e atual embaixador na Itália, Antonio Patriota, destacou a importância de novos mecanismos diplomáticos para lutar por mais diálogo e contribuir para atuar nos diversos conflitos mundiais.
A nova organização é uma iniciativa do ex-primeiro-primeiro ministro francês Jean-Pierre Raffarin e reúne no total 26 personalidades de vários continentes, entre elas ex-chefes de governo, ex-chanceleres e o ex-secretário geral da ONU, Ban-Ki-moon. Patriota diz ter sido escolhido pela longa tradição da ação diplomática brasileira no cenário internacional. Sua experiência pessoal estará também a serviço da nova organização não-governamental.
“O objetivo é promover um diálogo sobre as principais ameaças à paz em um contexto de mudança geopolítica importante. E a partir desse diálogo procurar contribuir para identificar linhas de ação para criar um cenário internacional de maior de cooperação levando à estabilidade e ao desenvolvimento sustentável”, explicou.
“O meu papel é refletir a orientação da diplomacia brasileira, que é uma orientação de diálogo ecumênico. Temos relações diplomáticas com todos os países, uma das maiores redes de embaixadas no mundo e um engajamento muito forte com os organismos multilaterais”, destacou.
Patriota reafirmou que o compromisso do grupo Líderes para a Paz é promover soluções para os conflitos mundiais pela via pacífica, alinhado com a promoção da Carta das Nações Unidas, e contribuir para o “surto diplomático” evocado pelo atual secretário-geral da entidade, António Guterres.
Relatório aponta três exemplos de crises
O documento de criação da ONG alerta para o progresso do maniqueísmo e das ações unilaterais diante das fragilidades de organismos multilaterais que precisam de reformas, em uma clara referência às Nações Unidas.
Ex-representante do governo brasileiro junto à ONU, Patriota destacou na entrevista à RFI Brasil a importância da atuação da instituição baseada em Nova York, mas defendeu a necessidade de reformas do Conselho de Segurança. “As Nações Unidas precisam se adaptar melhor à nova geopolítica mundial. A tarefa estratégica central, que é a reforma do Conselho de Segurança ainda não foi concluída. Como está, ele é insatisfatório. Precisamos adaptá-lo aos novos interlocutores internacionais que têm influência global”, afirmou.
Para o primeiro Fórum dos Líderes para a Paz, três crises foram escolhidas para exemplificar as ameaças à paz que necessitam uma atenção particular da comunidade internacional: a situação da Líbia e de seus vizinhos, a fronteira entre os Estados Unidos e o México que trazem consequências para a América Latina e o impacto das mudanças climáticas na Ásia. Um relatório apresentado pelo diplomata francês Pierre Vimont apresentou os desafios para a solução desses conflitos.
Saída dos Estados Unidos do acordo sobre o Irã preocupa
Apesar dos temas escolhidos, o Fórum também abriu espaço para discussões sobre outros temas da atualidade internacional, como a situação na Síria, a transferência da embaixada dos Estados Unidos em Israel de Tel Aviv para Jerusalém e a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear iraniano.
“Houve uma conversa ampla sobre o cenário internacional, uma condenação consensual das ações unilaterais e a convergência sobre o momento político que vivemos, os desafios, os problemas, mas também as forças de cooperação”, afirmou. “Esse grupo, que é composto por personalidades de várias partes do mundo é um exemplo de um diálogo inclusivo. Muitas vezes não se encontram soluções aos problemas porque nem todos são convidados à mesa (de negociação)”, afirmou.
O Fórum promovido pela ONG Líderes para a Paz deve se reunir uma vez por ano e os próximos encontros devem definir uma melhor estratégia de atuação e escolha dos temas a serem debatidos pelos líderes globais, segundo Patriota. “Muitos defendem que devemos nos concentrar em temas mais prementes. A situação mencionada pela maioria dos participantes foi a do desafio que representa a saída dos Estados Unidos do acordo sobre o Irã”, exemplificou.
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