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Após ser acusado de pedofilia no Brasil, Wagner Schwartz apresenta “La Bête” em Paris

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Em setembro de 2017, Wagner Schwartz ficou conhecido no Brasil inteiro após o escândalo envolvendo uma de suas performances, que foi acusada de incitação à pedofilia. Seis meses depois, “La Bête” é apresentada novamente, mas desta vez em Paris. O artista comenta a recepção do público francês e conta como viveu as ameaças após o episódio.

Wagner Schwartz em apresentação da performance "La Bête" em Paris
Wagner Schwartz em apresentação da performance "La Bête" em Paris Divulgação/ Caroline Moraes
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A performance de Schwartz foi apresentada no início de abril como parte do programa da 4ª edição do festival Do Disturb, no Palais de Tokyo, um dos principais centros de arte contemporânea da capital francesa. “Ela foi tão bem acolhida pelo público francês como é acolhida pelo público brasileiro”, comenta o artista, que não faz diferença entre as plateias. “As pessoas que se comprometem em entrar em um museu ou uma galeria para ver uma performance como essa são sensíveis e curiosas do que está acontecendo ali, independentemente de onde vem.”

Schwartz não se recuperou do “linchamento virtual” que sofreu, com ataques violentos na internet e até ameaças de morte. “Eu ainda estou processando tudo o que aconteceu. Esse título de pedófilo se conectar à minha pessoa e ao meu trabalho ainda é muito agressivo”, comenta o artista.

Durante o espetáculo "La Bête", o público pode manipular o corpo do artista Wagner Schwartz
Durante o espetáculo "La Bête", o público pode manipular o corpo do artista Wagner Schwartz Humberto Araújo/Divulgação

Porém, quando é questionado sobre uma possível onda de retrocesso no Brasil, o artista rebate: “Retroceder seria voltar ao passado. Mas no passado, eu, por exemplo, fui criado assistindo programas onde o nu era apresentado na televisão aberta. Isso é uma manifestação de agora, dos tempos de hoje. É uma manifestação política para atrair votos”, aponta.

Segundo ele, a questão da exposição do corpo deve ser analisada de forma mais profunda. “Que tipo de nu é um problema no Brasil? É o nu do corpo masculino, do corpo transexual ou de um corpo feminino? Será se se essa performance fosse feita por uma mulher, ela teria tido tantos problemas?”, questiona.

Pedidos de desculpas  

Schwartz disse que sentiu nos últimos meses uma mudança de comportamento das pessoas, inclusive da parte de quem o criticou após o trecho do vídeo do MAM ter viralizado. “Hoje, depois de ter aparecido na mídia e ter dado algumas entrevistas, já recebi mensagens de pessoas se desculpando pelo que elas fizeram, pois não tinham entendido o que estava acontecendo”. Apesar disso, o artista confessa que tem receio de apresentar novamente “La Bête” no Brasil e que teme por sua própria segurança.

Mesmo assim, Schwartz está preparando outro projeto, que deve ser apresentado no Rio de Janeiro, em junho. Intitulado “Domínio Público”, a obra reúne o carioca, mas também Maikon K, que ficou conhecido como "o homem nu da bolha", preso em Brasília durante uma performance; Renata Carvalho, travesti atacada ao interpretar Jesus em cena, e Elisabete Finger, mãe da menina envolvida do escândalo do MAM. Ela foi criticada por ter deixado sua filha encostar no tornozelo de Schwartz durante a apresentação em São Paulo.

Baseada nos “Bichos”, de Lygia Clark, obra que traz esculturas de alumínio que podem ser tocadas pelo público, “La Bête”, apresenta o artista, nu, que se deixa manipular pela plateia.

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