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Brasil

Retorno de Temer ao cenário eleitoral intriga imprensa francesa

O jornal católico La Croix e a revista Le Point publicam nesta segunda-feira (26) matéria produzida pela agência AFP mostrando que o presidente Michel Temer reúne, cada vez mais, condições para disputar sua própria sucessão.

O presidente brasileiro, Michel Temer, em Brasília.
O presidente brasileiro, Michel Temer, em Brasília. REUTERS/Ueslei Marcelino
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Até poucos meses atrás, esse projeto era inimaginável, diz a agência de notícias francesa. No entanto, depois de quase ser cassado do poder duas vezes por corrupção e de continuar negando sua intenção de disputar a presidência em outubro, Temer quer, sim, tentar a sucessão, informa a AFP. O cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília (UNB), confirma: "Todo mundo sabe que Temer prepara ativamente sua candidatura."

Dois fatores criaram espaço para essa reviravolta no cenário político brasileiro. Sem minimizar o fato que Temer é o presidente mais impopular da história do país, a oito meses da eleição, "existe um enorme espaço político a ser ocupado" entre as duas intenções de voto manifestadas até agora, ou seja, os simpatizantes de uma candidatura de esquerda, que depositavam as esperanças no ex-presidente Lula, e os de extrema-direita, "nostálgicos da ditadura", dispostos a votar no deputado Jair Bolsonaro. A AFP lembra que Lula está morto politicamente, na opinião da maior parte dos analistas, após sua condenação em segunda instância a 12 anos de prisão. Por outro lado, "Bolsonaro dá medo" em muita gente e dificilmente irá superar o teto de 20% de intenções de voto.

Intervenção no Rio mudou perspectiva

Mas o que fez Temer ressuscitar foi mesmo a decisão de enviar o Exército para combater o crime organizado no Rio de Janeiro, constata a AFP. A agência considera que Temer fez o melhor discurso de seu governo, ao dizer que era preciso proteger os brasileiros "da metástase do crime organizado". "Seu decreto foi aprovado por 83% dos cariocas. [...] Esta é primeira vez que esse presidente, cuja aprovação nacional ruiu para 6%, agrada tanta gente", menciona o texto.

O "vampiro", como é chamado na mídia brasileira, tem outras cartas na manga a seu favor: a volta do crescimento, o controle da inflação e a queda – ainda insuficiente, mas contínua – do desemprego.

Apesar dessas circunstâncias favoráveis, três fatores tornam a eleição de Temer pouco provável, segundo analistas ouvidos pela AFP: seu envolvimento com corrupção, sua falta de carisma e seus problemas de saúde. Com idade avançada, 77 anos, Temer sofreu recentemente quatro intervenções, conclui o texto.

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