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Em tom de campanha, Maia propõe soluções para o Brasil e critica Lula em Washington

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quarta-feira (17) em Washington que os programas sociais implementados por Luiz Inácio Lula da Silva, em vez de terem ajudado, acabaram por agravar a vida das populações mais pobres.

O embaixador Anthony Harrington, presidente do Conselho Consultivo do Instituto Brasil, Rodrigo Maia e Jane Harman, presidente do Wilson Center em 17 de janeiro de 2018.
O embaixador Anthony Harrington, presidente do Conselho Consultivo do Instituto Brasil, Rodrigo Maia e Jane Harman, presidente do Wilson Center em 17 de janeiro de 2018. RFI/Ligia Hougland
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Ligia Hougland, correspondente da RFI em Washington

Maia foi particularmente duro ao falar que o Bolsa Família “escraviza as pessoas". O parlamentar disse que não considera o Bolsa Família um programa de esquerda, mas liberal, e que o grande problema foi o modo como ele foi implementado pelo PT.

"É muito engraçado que o Brasil cresceu tanto no governo do PT e o número de pessoas dependentes do Bolsa Família aumentou. Há alguma coisa errada. Se o Brasil está ficando mais rico, por que tem mais pessoas pobres dependentes do Bolsa Família? Esta era uma distorção grande, porque corporações públicas e privadas se apropriavam da riqueza do Brasil”, disse Maia à imprensa brasileira, depois de fazer uma palestra no Instituto Brasil do Woodrow Wilson Center sobre as escolhas cruciais que os brasileiros terão de fazer neste ano de eleição presidencial.

Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, a solução é garantir que os programas sociais como o Bolsa Família tenham uma “porta de saída” e gerem alguma obrigação real, para que seus beneficiários sejam estimulados a seguir em frente, sem a ajuda estatal.

O programa Minha Casa Minha Vida também foi citado por Maia como um exemplo de projeto social “mal feito”, pois o governo “transforma o sonho do cidadão [da casa própria] em problemas do cotidiano”. “O governo transfere parte da sociedade para um conjunto – pessoas que viviam na informalidade completa – e não se preocupa como essas pessoas vão viver na formalidade”, disse o parlamentar.

Previdência

O presidente da Câmara dos Deputados disse à plateia presente no Wilson Center que a reforma previdenciária é “fundamental”, apesar de muitos tentarem dissuadir o debate alegando que mexer na previdência pode prejudicar o país.

“O que pode prejudicar a gente é o Brasil explodir e voltar para um ambiente de hiperinflação e desemprego acelerado”, disse Maia.

O deputado disse que, às vezes, é mal interpretado pela imprensa que o descreve como “pessimista”, mas “realmente não é fácil hoje votar uma reforma da Previdência no Brasil”.  Maia diz que a gravidade da situação exige que os próximos 30 dias sejam dedicados a convencer os parlamentares a votar pela reforma, mas que também é preciso convencer o cidadãos a pararem de “pressionar” os parlamentares para que se oponham a uma reforma que, segundo o presidente da Câmara, não atinge 90% da população.

Candidatura

Sem dúvida, o tom de Maia na visita à capital americana foi de quem está com vistas na eleição presidencial deste ano, apesar de ainda não ter abertamente se declarado candidato. O deputado acredita que o fato de essa ser a primeira eleição geral de 45 dias, e não de 90 dias, pode atrasar ainda mais a consolidação de nomes no processo eleitoral.

Sobre as chances de sucesso de um candidato ligado a Michel Temer, Maia diz que, “apesar de o presidente brasileiro ter um alto índice de rejeição, seu governo teve muitos avanços”. Além disso, o deputado acredita que o candidato que defender a agenda de reformas do governo Temer será competitivo. Maia, que é grande promotor dessas reformas, nega ser hoje tal candidato.

“Hoje não [posso ser candidato], pois tenho 1% nas pesquisas. Quando tiver 7%, as coisas melhoram muito”, disse Maia. O parlamentar disse que, pessoalmente, gostaria de ver o nome de Lula nas cédulas da eleição presidencial em outubro, mas que cabe à Justiça decidir sobre isso.

“Eu quero que Lula dispute a eleição. Acho que para o Brasil é bom. Acho que ele vai perder, acho que ele vai conseguir destruir esse discurso dele de que foi um grande presidente na área social – o que não foi”, disse Maia.

O presidente da Câmara está nos Estados Unidos desde domingo passado e, no início desta semana, se reuniu com embaixadores da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O circuito de Maia em Washington também inclui uma reunião, nesta quarta-feira, com Paul Ryan, o líder da maioria republicana no Congresso americano.

Há algumas semelhanças entre as propostas de Maia e Donald Trump para seus respectivos países - menos regulamentações, simplificação de procedimentos para negócios e combate à ideologia do estado provedor -, mas ainda é cedo para especular sobre a possibilidade de uma futura parceria entre dois políticos. “Não tenho ideia de como seria o relacionamento dos dois”, diz o embaixador Anthony S. Harrington, presidente do Conselho Consultivo do Instituto Brasil.

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