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Imprensa

Para La Croix, Brasil precisa cessar encarceramento em massa

A imprensa francesa dá continuidade à cobertura e às análises sobre o massacre no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, que deixou nove mortos na segunda-feira (1º). O jornal La Croix afirma que motins são cada vez mais frequentes nas prisões brasileiras devido à superpopulação carcerária.

"No Brasil, a situação carcerária permanece explosiva", é a manchete de uma matéria publicada pelo jornal La Croix desta quinta-feira (4)
"No Brasil, a situação carcerária permanece explosiva", é a manchete de uma matéria publicada pelo jornal La Croix desta quinta-feira (4) Reprodução/La Croix
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"No Brasil, a situação carcerária permanece explosiva", é a manchete de uma matéria publicada pelo jornal La Croix desta quinta-feira (4). A tragédia acontece um ano após os massacres que provocaram a morte de 120 detentos no começo de 2017, escreve a correspondente do diário no Rio de Janeiro, Aglaé de Chalus.

"Os detalhes do massacre em Goiânia são sórdidos", diz o jornal, lembrando que dois presos foram decapitados e que os corpos das vítimas foram queimados. Uma situação que o tenente-coronel Newton Castilho, responsável pela administração penitenciária do Estado de Goiás, define como "atos de barbárie". Além das violências, 240 detentos aproveitaram o motim para fugir e, embora a polícia tenha conseguido recapturar a maioria deles, dezenas continuam foragidos.

Entrevistada pelo La Croix, a religiosa Petra Pfaller, responsável da Pastoral Carcerária de Goiás, salienta que a segurança não era máxima no local onde começou o confronto entre membros das principais facções criminosas do Brasil - o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo ela, a situação é extremamente tensa nas prisões brasileiras. Um dia após o massacre no Complexo Prisional de Aparecida, as autoridades já assinalavam o risco de um conflito ainda maior em outra prisão de Goiás.

Massacres se tornaram frequentes, diz jornal

La Croix lembra que há apenas um ano - exatamente no dia 1° de janeiro de 2017 - um motim deixou 56 mortos em uma prisão de Manaus. Alguns dias depois, 33 detentos morreram em um confronto em Roraima. Semanas após esses dois incidentes, 26 presos morreram em uma prisão de Natal.

"Os confrontos entre grupos rivais não dão trégua no Brasil", escreve a correspondente do jornal. A superpopulação dos presídios é a principal razão para os massacres, ressalta La Croix, destacando também as condições precárias das prisões e os atrasos da Justiça do país. "Cerca de 40% detentos brasileiros aguardam julgamento", publica o jornal.

Por isso, segundo Petra Pfaller, é preciso urgentemente cessar o encarceramento massivo no Brasil. O país conta hoje com 726 mil detentos, um número que dobrou desde 2005.

O Brasil, aliás, se engajou junto à ONU a diminuir a população prisional em 10% até 2019. Mas o governo não consegue cumprir sua meta, salienta La Croix, e continua focado na construção de presídios. Depois da série de massacres de 2017, o presidente Michel Temer prometeu a criação de mais cinco prisões federais, o que para o jornal, definitivamente, não é a solução.

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