Assédio sexual: bailarino brasileiro demite-se do American Theater Ballet
Considerados um dos melhores dançarinos da atualidade, Marcelo Gomes, 38 anos, era o bailarino principal do prestigiado American Ballet Theater (ABT) há 20 anos. Mas acusações de assédio que aconteceu há oito anos levaram Gomes a se desligar da companhia.
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A notícia foi divulgada pelo jornal The New York Times na última quinta-feira (22), citando um comunicado da ABT sobre o desligamento de Gomes.
O diário americano reproduziu o anúncio da companhia, feito por email: “No último sábado, o ABT tomou conhecimento de uma preocupante denúncia a respeito de uma má conduta sexual da parte do sr. Gomes, ocorrida aproximadamente há oito anos”.
O email informa que a companhia tomou medidas imediatas e iniciou uma investigação independente. O texto diz ainda que o episódio não envolve nenhum integrante atual ou antigo da companhia e que não estava relacionado com as obrigações contratuais com o ABT. O bailarino pediu demissão durante as investigações.
"Período de reflexão"
O New York Times relata que o dançarino não respondeu a pedidos iniciais de comentários. Finalmente, foi sua porta-voz, Lisa Linden, que mandou o seguinte email para o Times: “Marcelo está em um período de reflexão. Ele agradece o apoio que recebeu da família, amigos e colegas. Não temos mais comentários no momento”.
Já o Washington Post publicou que um homem atendeu o telefone do dançarino, identificou-se como namorado de Gomes, mas disse que não haveria comentários.
A companhia e os advogados não deram mais detalhes sobre o caso.
Força e elegância
Nascido em Manaus e criado no Rio de Janeiro, Marcelo Gomes estudou com Helena Lobato e Dalal Achcar. Aos 12, foi para a Flórida e depois passou por escolas da Ópera de Paris, Houston, Boston e Cuba. Entrou na ABT em 1997, com 18 anos, e foi promovido para dançarino principal da companhia em 2002.
Conhecido por sua força – capaz de erguer qualquer bailarina sem demonstrar esforço-, elegância e presença de palco, dançarino também foi artista convidado de companhias consagradas, como o Mariinsky, o Bolshoi, o Royal Ballet e outras.
Cada espetáculo dançado por Gomes era seguido por críticas que exaltavam o seu talento. Ele dançou pela última vez o “Quebra-Nozes”, no começo do mês. O dançarino também era conhecido por sua atitude aberta em relação à homossexualidade. O New York Times chegou a publicar um perfil do dançarino em casa, em Manhattan, onde ele falava do trabalho, das viagens e de sua cadela Lua.
Surgem agora dúvidas e especulações sobre o futuro de Marcelo Gomes. O seu site anuncia um documentário a seu respeito, próximo de ser lançado. Ele também estava preparando uma coreografia para o balé de Washington, com estreia prevista para março. A companhia da capital dos EUA garante que a programação não será modificada.
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