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Globalização

Mercosul e UE adiam acordo de livre comércio

Possível anúncio de acordo fica adiado para janeiro ou fevereiro de 2018. Um eventual e ansiado anúncio só vai acontecer no começo do ano que vem, em janeiro ou fevereiro, se for positiva a resposta europeia à altura do que o Mercosul apresentou como esforço para fechar o acordo.

Reunidos na Conferência da OMC em Buenos Aires, Mercosul e UE não chegaram a um acordo.
Reunidos na Conferência da OMC em Buenos Aires, Mercosul e UE não chegaram a um acordo.
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Márcio Resende, correspondente da RFI Brasil em Buenos Aires

O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, negociado há 20 anos, está na reta final, mas ainda não foi desta vez que cruzou a linha de chegada. A expectativa de um anúncio nesta quarta-feira (12) em paralelo ao término da XI Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) foi frustrada.

Numa estratégia de acelerar os tempos para um acordo, o Mercosul revelou o que poderia melhorar para o acesso de produtos industrializados europeus caso a Europa fizesse concessões no setor agrícola, interesse do bloco sul-americano.

A manobra foi bem recebida pelos europeus, porém, devido ao processo mais complexo de consultas, os negociadores indicaram que não haveria tempo suficiente para uma reciprocidade ainda em 2017.

O ambiente de resignação contrasta com a euforia de três dias atrás, quando o acordo parecia iminente.

O primeiro balde d'água foi quando os negociadores do Mercosul viram que a União Europeia não tinha apresentado nenhuma melhora nas condições de acesso ao seu mercado, sobretudo em setores importantes para a produção do Mercosul como o etanol e a carne.

Por outro lado, os europeus exigiram, como contrapartida para uma melhora, que o bloco sul-americano abrisse mais o seu mercado aos produtos industrializados europeus, permitindo o acesso de automóveis, têxteis e calçados, mas também de produtos processados agrícolas como laticínios, vinhos e destilados, azeite de oliva e chocolates, entre outros.

Mercosul cede à pressão da UE

O Mercosul cedeu, colocando sobre a mesa o que poderia melhorar, mas a resposta europeia não foi imediata. Assim, o ansiado anúncio de um pré-acordo que marcasse um ponto de inflexão do qual não se pudesse mais recuar foi adiado até a resposta dos negociadores europeus. A área de livre comércio que integrará as maiores economias da América do Sul com a Europa continua ao alcance das mãos, mas ainda não foi atingida.

"Agora, estamos esperando a reação (europeia) para estudar a proposta que nós apresentamos para verificar se é possível concluir, e quando é possível concluir, essa parte mais difícil da negociação que é o acesso aos mercados", explicou aos jornalistas brasileiros o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, ao sair da reunião.

"Eles garantiram que vão estudar com uma visão muito positiva aquilo que nós propusemos, mas eles evidentemente têm um mecanismo mais complexo de consultas. São muitos países", completou o ministro.

Esse processo de aproximação final entre as partes é a reta final para as barganhas prévias ao fechamento de um acordo. A União Europeia queria que 90% do que exporta ao Mercosul tivesse tarifa zero, sem exclusão de setores.

O número que o Mercosul tinha apresentado nas últimas semanas já havia elevado essa abrangência de 87% a 89%. Nesta rodada de negociações, os sul-americanos cederam e chegaram aos 90% como os europeus exigiam.

"O que nós tínhamos acordado há algumas semanas era chegarmos a 90% de desgravação (eliminação de taxação) do comércio com a União Europeia. Faltavam ainda alguns elementos para isso, que nós incluímos agora", contou Aloysio Nunes, indicando que são os produtos industrializados europeus vendidos em supermercados.

Pelo lado do Mercosul, as negociações incluem, além dos negociadores, os ministros das Relações Exteriores de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Pelo lado europeu, os comissários de comércio, Cecilia Malmström, e de Agricultura, Phil Hogan.

Bola no campo europeu

Os brasileiros pediram que a União Europeia propusesse um programa de trabalho. "Para que nós pudéssemos concluir (o acordo) o mais cedo possível. Mas ainda há trabalho a ser feito sobretudo do lado deles", indicou Aloysio Nunes.

O adiamento é um revés político tanto para o presidente argentino, Mauricio Macri, quanto para o presidente Michel Temer. Macri pretendia que o acordo fosse assinado nesta quarta-feira em Buenos Aires em paralelo à conferência da OMC. Já Temer contava com uma assinatura em Brasília no dia 21, durante a reunião de Cúpula semestral do Mercosul. Ambos os presidentes encaram um programa de reformas estruturais em seus países.

 

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