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"Transformamos a China de concorrente a mercado para nossos calçados", conta Roberta Ramos

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Roberta Ramos, gestora de projetos da Abicalçados (Associação Brasileira da Indústria de Calçados), está em missão na França e conta sobre o mercado internacional de calçados brasileiros, a febre mundial de Havaianas e a mudança de estratégia dos exportadores face à concorrência chinesa.

A gestora de projetos da Abicalçados, Roberta Ramos
A gestora de projetos da Abicalçados, Roberta Ramos RFI
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“A Abicalçados tem um projeto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), desde 2000, de promoção das exportações de calçados. A cada dois anos nós fazemos um exercício para escolha de mercados-alvo. A França entrou na lista de mercados-alvo para este biênio e nós trabalhamos uma metodologia de abertura de mercado para entender as oportunidades para o mercado brasileiro de calçados”, explicou.

Segundo Ramos, a missão consiste em “entender o mercado, buscar insights, buscar informações e daí definir uma estratégia de promoção comercial para o próximo ano”

Ela explica que o mercado internacional é muito diverso. “Mesmo aqui na Europa, há muitas diferenças entre os países em questão de estilo. Hoje, a França é o quarto maior destino dos calçados brasileiros e o que exportamos para cá, e é um produto diferente daquilo que se coloca como estereótipo do Brasil, que é aquele calçado de saltos altos, mais sensual, com muitas cores.”

“Aqui pra França é um calçado mais casual, como as francesas as francesas caminham muito, então aqui é com menos saltos, menos plataformas, um calçado mais flex”, disse.

Principais países compradores

Roberta Ramos conta que os Estados Unidos estão na origem da indústria brasileira de calçados. “Historicamente os Estados Unidos são o nosso principal mercado, é o país que fundou a indústria calçadista brasileira, pois começou querendo produzir suas marcas no Brasil, então a indústria brasileira já nasceu exportadora.”

Depois dos Estados Unidos vem a Argentina, pais vizinho. “De vez em quando a gente sofre com algumas barreiras impostas pelo país, mas ele vem se mantendo na segunda posição. A terceira e a quarta posição variam: neste momento temos o Paraguai em terceiro e a França em quarto, quase empatada com a Bolívia”, contou.

Foco em marcas

“A indústria calçadista brasileira sempre foi fornecedora de calçados, mas não muito focada em marcas. Quando a China decidiu entrar neste jogo; o Brasil precisou se reestruturar, redesenhar sua estratégia”, explicou.

“Em 2000 nós fundamos o Brazilian Footwear, um programa de promoção das exportações de marcas de calçados brasileiros, uma parceria entre a Abicalçados e a Apex Brasil, com o objetivo de, ao invés de simplesmente fornecer a manufatura, começar a inserir marcas de calçados brasileiros em outros países. E nós temos alguns cases, como Melissa, Havaianas, Schultz… são marcas que nos dão muito orgulho por mostrar que este trabalho faz sentido”, acrescentou

Ela confirma que os chinelos, notadamente as Havaianas, são os calçados brasileiros mais exportados. “É a nossa marca registrada, porque o Brasil tem essa imagem de verão, de moda praia, então os chinelos são, sim, o maior volume, aqui pra França também. Mas a gente percebeu ao longo dos anos, uma mudança, uma variação de preço médio de exportação de 6,60 para 10 dólares, o que mostra que isso também vem mudando”, mencionou.

Segundo ela, o valor agregado das exportações aumentou. “Está aumentando a exportação de tipos de calçados mais caros: calçados de couro, com adereços mais custosos.”

China: de concorrente à oportunidade de mercado

De acordo com Ramos, a concorrência chinesa ainda assusta, mas as coisas estão ficando mais caras na China, então é um mercado que está deixando de ser tão competitivo.

“Por outro lado, nós passamos a enxergar a China como uma grande oportunidade de mercado. Nós estamos desde 2008 fazendo um trabalho na China com resultados bastante interessantes”, contou.

Sobre as previsões para 2018, Ramos comenta: “Nós temos uma perspectiva de crescimento, a nossa produção este ano já deve aumentar um pouco, na casa dos 3%, as exportações também, no acumulado do ano; então a expectativa é de que a gente continue nesta curva”.

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