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“Cinema independente tem mais espaço para produção de mulheres”, diz pesquisadora da Sorbonne

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A projeção do documentário “Lute como uma menina” nesta quarta-feira (29) na Maison de l’Amérique Latine, em Paris, vai mostrar ao público francês a mobilização espontânea de jovens secundaristas contra um projeto do governo de São Paulo que previa o fechamento de vários colégios.

A pesquisadora e doutoranda em cinema, Beatriz Rodovalho.
A pesquisadora e doutoranda em cinema, Beatriz Rodovalho. Foto: RFI Brasil
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Muitas escolas foram ocupadas pelos estudantes e o governo do Estado acabou suspendendo o projeto. A mobilização, no entanto, rendeu um documentário de 76 minutos, produzido por Beatriz Alonso e Flávio Colombini, que segue carreira em circuitos alternativos.

Na obra, a dupla entrevistou uma série de meninas que foram protagonistas do movimento. Elas relataram suas experiências com a mobilização e também revelaram problemas recorrentes dentro dos estabelecimentos de ensino como o sexismo.

Convidada para apresentar o trabalho audiovisual da mobilização que atingiu 200 escolas públicas paulistas em 2015, a doutoranda em cinema na Universidade Sorbonne Nouvelle Paris 3, Beatriz Rodovalho, aproveita também a obra para discutir a presença feminina na produção cinematográfica brasileira.

“De uma perspectiva francesa, o que vale destacar primeiramente é a mobilização dos jovens, um engajamento e mobilização da juventude, e principalmente, neste caso, de mulheres. Além de um despertar de consciência política de uma nova geração”, ressalta.

Segundo a pesquisadora, o documentário se insere em um contexto brasileiro de valorizar a presença feminina em obras cinematográficas.

“Um olhar não só feminino, mas feminista, preocupado não apenas com as desigualdades, mas também com as opressões causadas por um sistema patriarcal e machista”, destaca.

“Existe há alguns anos uma grande mobilização por parte de mulheres no cinema brasileiro que se organizam em coletivos, cineclubes, produções e plataformas na internet, ou seja da criação até à área acadêmica que tenta mudar esse quadro, um padrão muito machista do cinema brasileiro”, afirma.

Fraca presença de mulheres

As questões de gênero fazem parte do trabalha acadêmico de Beatriz, que recorre ao último levantamento feito pelo Observatório da Ancine para confirmar a distorção da presença feminina no setor cinematográfico brasileiro.

“Dos filmes produzidos entre 1970 e 2016 com mais de 500 mil espectadores, ou seja, quase 500 filmes, cerca de 98% foram dirigidos por homens”, exemplifica.

A situação evolui, mas ainda está longe de confortar a presença feminina neste mercado. “Nos últimos anos, apenas 20% dos filmes produzidos no país foram dirigidos por mulheres”, diz.

Beatriz lembra que o documentário “Lute como uma menina” não se enquadra no mecanismo de financiamento da política pública e investimentos da Ancine, que tem uma lógica mais comercial.

No entanto, a pesquisadora considera o trabalho independente realizado em São Paulo um exemplo de obras que valorizam a presença das mulheres ocupando espaços nos canais alternativos de produção e distribuição.

“É no ambiente independente que vemos mais essa sensibilização e mobilização das mulheres para produzir um cinema próprio”, constata.

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