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Brasil

Com seu mandato outra vez em xeque, Temer aposta em negociações com o Congresso

O presidente brasileiro Michel Temer enfrentará uma segunda votação na quarta-feira (25) que ameaça seu mandato em menos de três meses, quando a Câmara dos Deputados decidir se autoriza o Supremo Tribunal a analisar uma denúncia contra ele por uma associação criminosa.

Michel Temer aposta em negociações com parlamentares para se manter no cargo
Michel Temer aposta em negociações com parlamentares para se manter no cargo REUTERS/Shannon Stapleton
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O chefe de Estado de 77 anos voltou à frente das negociações com os deputados para garantir que a oposição não obtenha a maioria especial de 342 votos (dois terços dos 513 lugares) necessários para que a causa avance para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Essa estratégia já foi bem-sucedida em agosto, quando a Câmara bloqueou uma primeira acusação do Ministério Público por corrupção passiva, por 263 votos a 227 (115 menos do que os 342 necessários aos seus detratores).

Desta vez, "pode ​​haver alguns votos menos ou alguns mais votos, mas o presidente não vai cair. A votação será muito expressiva a seu favor”, disse uma fonte no Palácio do Planalto.

Pacto

Uma possível abertura de um julgamento no STF implicaria a suspensão do presidente. Mas nos bastidores, mesmo os legisladores da oposição reconhecem que não conseguem reunir apoio suficiente para derrotar o governo.

Segundo o deputado Rogério Rosso, do PSD, “a preocupação de vários parlamentares aqui da casa é com o dia seguinte à votação da denúncia”.

“A casa não aceitar a denúncia não significa a vitória do governo, significa mais uma página virada, mas ao mesmo tempo um desafio pela frente que é garantir quórum e votos necessários para o andamento da agenda econômica do governo”, disse Rosso.

“E para isso nós entendemos que devemos fazer um pacto, uma agenda mínima em consenso com os parlamentares, com o poder Executivo e principalmente com o protagonismo do Congresso Nacional. “Nós tememos que a agenda do governo passe por uma letargia aqui na casa”, completou o deputado do PSD.

Negociações

Para garantir a vitória, Temer passou os últimos dias negociando o apoio de deputados indecisos, a quem chama por telefone ou recebe pessoalmente em seu gabinete.

Primeiro presidente na história do Brasil a ser criminalmente acusado no exercício da sua função, Temer também é o presidente mais impopular desde o retorno à democracia em 1985, com a aprovação apenas 3%.

Seus adversários o acusam de abrigar-se atrás de um Congresso que também está sob o fogo para Lava Jato e de utilizar fundos públicos para "comprar" o apoio dos legisladores, concedendo dotações orçamentais para obras seus estados.

Com a proximidade das eleições gerais de outubro de 2018, apoiar o impopular presidente conservador parece não ser a melhor estratégia para permanecer no cargo. Mas muitos veem com maus olhos a opção de derrubar outro governo após o processo traumático de impeachment de Dilma Rousseff, que dividiu o país em 2016 e paralisou o Congresso por meses.

Com a colaboração de Luciana Marques, correspondente em Brasília

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