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A Semana na Imprensa

Censura no Brasil é “apoiada por extrema-direita nostálgica dos militares”, diz revista

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A revista M do jornal Le Monde publica matéria neste fim de semana repercutindo o vídeo divulgado pelo bispo Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, sobre a proibição da exposição Queermuseu no Museu de Arte do Rio (MAR).

O deputado Jair Bolsonaro, um dos principais líderes da extrema-direita no Brasil.
O deputado Jair Bolsonaro, um dos principais líderes da extrema-direita no Brasil. Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
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“Àqueles que imaginavam que o pastor evangélico deixaria suas convicções morais na porta da prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella acaba de oferecer um desmentido furioso”, afirma a revista M. “Num vídeo de apenas um minuto, divulgado no começo de outubro, este bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, à frente da ex-capital brasileira desde janeiro de 2017 dá espaço para cinco cariocas falarem. O primeiro, jovem, mestiço, começa: ‘Eu não quero uma exposição de zoofilia e pedofilia no Rio de Janeiro’. Os outros concordam, repetindo, cada um, ‘eu também não’, até que o ‘mestre’ conclui, enojado: ‘Vocês estão vendo? No Rio não queremos esta exposição. Saiu no jornal que seria no MAR [Museu de Arte do Rio]. Só se for no fundo do mar’, publica a revista, citando Crivella.

“No meio artístico, seria cômico se não fosse trágico”, diz o periódico. “A exposição em questão coloca em cena a diversidade nas artes visuais, reunindo artistas como Candido Portinari, Lygia Clark, Bia Leite ou Fernando Baril, que deveria ser inaugurada em 11 de novembro. As acusações de promoção de pedofilia ou zoofilia fazem referência a algumas das obras julgadas “ofensivas” e “libidinosas” por certos brasileiros”, explica a revista do Le Monde.

Grupos ultraconservadores

“A interpretação singular destes trabalhos artísticos é o resultado de uma campanha promovida por grupos ultraconservadores onde se encontra arraigado o prefeito do Rio de Janeiro”, analisa a revista. “Na origem disso, um vídeo, filmado por um visitante da exposição patrocinada pelo banco Santander em Porto Alegre (...). Visto mais de um milhão de vezes, o filme amador ‘Exposição criminosa, Santander criminoso’ mostra as obras acompanhadas de comentários como ‘que porcaria’ ou ‘depois de destruírem o gênero, eles atacam a família’”, conta o periódico.

“É muito grave. Não é apenas pelo futuro da arte que precisamos ter medo, mas pelo futuro da democracia”, comenta Gaudêncio Fidelis, citado pela revista M. O pavor da intelligentsia brasileira é ligado ao conteúdo da onda qualificada de ‘obscurantista’ e ao perfil de seus autores. Entre eles, religiosos integristas e representantes da direita como o Movimento Brasil Livre (MBL), (...) grupo formado por uma juventude ultraliberal”, explica a revista aos leitores franceses. “Sua mensagem que apela ao boicote de uma arte ‘insultante’, segundo eles, é apoiada por esta extrema-direita nostálgica do regime militar e de sua figura mais midiática, Jair Bolsonaro. (...) Na televisão, o militar reservista é convocado a ‘fuzilar’ os organizadores da exposição Queermuseu”, finaliza a revista M do Le Monde.

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