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Corrupção

Tropa de choque de Temer se movimenta contra novas denúncias

O presidente Michel Temer foi denunciado por organização criminosa e obstrução de Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF). Para que o Supremo Tribunal Federal (STF) investigue o peemedebista, é necessária a autorização de 342 dos 513 deputados federais.

Temer: denunciado por organização criminosa e obstrução de justiça.
Temer: denunciado por organização criminosa e obstrução de justiça.
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Luciana Marques, correspondente da RFI em Brasília

O presidente da República é acusado de atuar como líder da organização criminosa formada por integrantes do “PMDB da Câmara” desde maio de 2016. Além de Michel Temer, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou outros seis integrantes do PMDB: Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco.

De acordo com a denúncia, os políticos pediram propina, num total de R$ 587 milhões, envolvendo órgãos públicos, como a Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados. Segundo a PGR, também participaram do esquema integrantes do PMDB do Senado, do PT e do PP.

Presidente denunciado, de novo

Essa é a segunda denúncia apresentada por Janot contra o presidente Michel Temer. A primeira, por corrupção passiva, foi barrada pela Câmara dos Deputados em agosto. Na ocasião, foram 263 votos favoráveis ao peemedebista, contra 227.
O presidente só poderá ser investigado neste caso quando terminar o mandato.

Um dos principais articuladores do Palácio do Planalto na Câmara, o deputado
Darcísio Perondi (PMDB-RS), garante que Temer conseguirá novamente os votos necessários. Para ele, a denúncia será “enterrada rapidamente”. Outro integrante dessa tropa de choque, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), atacou a procuradoria. “Estamos em época de denuncismo. Relator, para escapar, denuncia a própria mãe. Seria de bom tom a nova procuradora pedir a denúncia de volta para reavaliar", disse.

Já o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) disse que os crimes são graves e que o governo está fragilizado. “Desta vez, o presidente da República não escapa”.

Para o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), essa segunda denúncia é mais robusta e ampla que a anterior. “Se houver pressão popular maior, eu acredito que a denúncia possa prosperar”.

O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) disse esperar que a Câmara dos Deputados “faça jus a seu papel fundamental para a democracia”. “É inadmissível que nosso país siga sendo governado por uma quadrilha que coleciona denúncias e condenações”, declarou.

Temer rebate acusações

O Palácio do Planalto divulgou uma nota em que descreve a segunda denúncia como “realismo fantástico em estado puro” e diz que ela é “recheada de absurdos”. “O presidente tem certeza de que, ao final de todo esse processo, prevalecerá a verdade e, não mais, versões, fantasias e ilações. O governo poderá então se dedicar ainda mais a enfrentar os problemas reais do Brasil”.

A nota traz ainda uma série de ataques ao procurador-geral da República. Diz que ele continua sua “marcha irresponsável para encobrir suas próprias falhas” e ignora suspeitas que fragilizam as delações.

“Ao não cumprir com obrigações mínimas de cuidado e zelo em seu trabalho, por incompetência ou incúria, coloca em risco o instituto da delação premiada. Ao aceitar depoimentos falsos e mentirosos, instituiu a delação fraudada”, diz a nota.

Acusados se defendem

O advogado Daniel Gerber, que defende o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou: "Entendo como equivocada o oferecimento de uma denúncia com base em delações que estão sob suspeita, mas iremos demonstrar nos autos a inexistência da hipótese acusatória".

Em nota, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, declarou: “Reitero que jamais participei de qualquer grupo para a prática do ilícito. Essa denúncia foi construída com a ajuda de delatores mentirosos que negociam benefícios e privilégios. Responderei de forma conclusiva quando tiver conhecimento do processo."

A defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima rechaçou categoricamente as imputações veiculadas na denúncia oferecida: “Inegável fragilidade narrativa e probatória”.

A defesa de Rodrigo Rocha Loures disse que ele não participou de nenhum acordo de pagamento ou recebimento de propinas atribuído ao PMDB da Câmara.
“Rodrigo era apenas um assessor pessoal do presidente e não tinha nenhuma intervenção em atividades financeiras, ao contrário da recente denúncia contra o PMDB da Câmara. A defesa repudia veemente mais uma denúncia leviana de Rodrigo Janot”.

Os advogados de Eduardo Cunha disseram que vão provar no processo “o absurdo das acusações postas, as quais se sustentam basicamente nas palavras de um reincidente em delações que, diferentemente dele, se propôs a falar tudo o que o Ministério Público queria ouvir para fechar o acordo de colaboração.”

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