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Em Roma, Blairo Maggi defende carne brasileira apesar de escândalos

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O ministro brasileiro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Blairo Maggi participou, nesta quarta-feira (5), em Roma da 40ª Conferência da FAO. Durante o discurso e em entrevista à RFI ele defendeu a indústria da carne brasileira, apesar dos escândalos recentes que chegaram a interromper a exportação do produto para alguns países. Maggi também rebateu os estudos de denunciam a poluição produzida pelos rebanhos bovinos.

Blairo Maggi, ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento, em discurso na 40ª Conferência da FAO, nesta quarta-feira (5), em Roma.
Blairo Maggi, ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento, em discurso na 40ª Conferência da FAO, nesta quarta-feira (5), em Roma. Divulgação: Ministério da Agricultura
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Gina Marques, correspondente da RFI em Roma

O discurso de Maggi é feito apenas dez dias após os Estados Unidos anunciarem a suspensão da importação de carne bovina fresca do Brasil, alegando “recorrentes problemas sobre segurança sanitária”, e alguns meses após o escândalo da “Carne Fraca” ter provocado um embargo temporário da importação do produto e vários países do mundo. O ministro, porém, afirma que sua intervenção na FAO não tem relação com a redução da exportação de carne bovina brasileira.

“O que aconteceu no Brasil foi uma investigação policial que discutia a questão do comportamento das pessoas e na hora que foi informar a sociedade, o delegado que fez o comunicado errou e falou sobre qualidade de carne. Ele trocou os pés pelas mãos e acabou trazendo um grande prejuízo para o Brasil, que nós ainda estamos sofrendo muito por isso”, explicou o ministro.

“Mas toda crise gera oportunidades, e não há limão sem que se possa fazer uma limonada”, filosofou. “Há algum tempo que estávamos precisando fazer algumas alterações dentro do próprio sistema do ministério da Agricultura: estamos aproveitando o ambiente politico favorável neste momento para fazer estas alterações e cada vez mais poder garantir aos nossos compradores e àqueles que importam carne do Brasil que a nossa carne é de qualidade e que respeitamos os controles. Sabemos o que estamos fazendo, não vamos fazer nada de errado. Em primeiro lugar está a segurança das pessoas para se alimentar, em segundo a saúde e em terceiro essa é uma atividade muito importante para o Brasil", acrescentou Maggi.

Carne bovina e gases de efeito estufa

Enquanto a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) incentiva a redução de carne bovina nos hábitos alimentares para conter os gases de efeito estufa emitidos por estes animais, Blairo Maggi vai na contramão. Ao discursar na 40ª Conferência da FAO, ele defendeu o consumo de bovídeos pela sua “contribuição à segurança alimentar e nutricional”. De acordo com o ministro, comer mais carne de boi permite o maior acesso a mercados e ajuda os países desenvolvidos a honrarem compromissos com o clima.

“Segundo a FAO, quanto menos bois e vacas você tiver, menos contribuição teríamos na emissão de gases estufa. Mas na realidade não é isso acontece", contestou o ministro em Roma, em entrevista exclusiva a RFI. "Você poderá ter este problema se a pecuária é muito ruim, se tem uma ocupação por hectare muito baixa e onde não tem produtividade. Neste aspecto eles pode ter razão. Mas aliado ao que o Brasil faz, uma pecuária de altíssima qualidade, com conversão muito boa, boi a pasto, ou com as suplementações que nós podemos fazer no Brasil, temos boas e altas produtividades, então você não tem essa diferença na preocupação com a questão do gás estufa”, defendeu Maggi.

De acordo com o ministro, estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revelam que é possível a criação do gado para produzir carne com efeito zero de gás estufa. “O Brasil já vem incrementando isso. Temos melhor produtividade, ganhos genéticos e pecuária de altíssimo nível sem solos degradados na ocupação de pecuária. Todos os balanços que fizemos na questão ambiental revelaram sempre que é mais crítico aquilo que não é produtivo”, defendeu. 

Questionado sobre como é possível que os bovinos tenham emissão zero de gases poluentes que causam o efeito estufa no planeta, o ministro respondeu que a solução está na alimentação dos animais. “ Os bovinos continuarão com seus efeitos. Não temos como fazer mudanças genéticas neles. O que temos que fazer é que eles fiquem menos tempo nestas pastagens, que tenham grande produtividade e que possam chegar ao seu ciclo para o uso de alimentação humana com maior rapidez. Esse balanço é que a gente tem que ter a consciência de fazer”.

 

 

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