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Radar econômico

Indústria de cosméticos se mantém firme e forte no Brasil apesar das turbulências econômicas

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A marca de cosméticos brasileira Natura fez na semana passada uma proposta de 1 bilhão de euros para comprar a marca inglesa The Body Shop, que pertence à francesa L’Oréal. Analistas de mercado preveem a concretização do negócio, considerado “irrecusável” – até porque as vendas da The Body Shop foram 4,8% menores em 2016.

Loja da Natura no bairro do Marais, em Paris
Loja da Natura no bairro do Marais, em Paris Divulgação
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Esse avanço internacional da Natura mostra a força da indústria da beleza no Brasil. Apesar da crise dos últimos dois anos, o setor se mantém firme e forte.

“Ele vem de um período de crescimento bastante importante, comparado a qualquer outro país do mundo. É uma sequência de 23 anos de crescimento, com índices superiores a 1 dígito, de até 12%. Trata-se de uma indústria que se reinventa de uma maneira impressionante e supera as crises”, explica Jefferson Santos, vice-presidente financeiro da ABC (Associação Brasileira de Cosmetologia).

Porém a indústria, que ele chama de “dura na queda”, viu uma pequena redução do crescimento em 2015 para uma retomada em 2016.

“Ela cresceu dois dígitos em 2014. Em 2015, já sofrendo com a extensão dessa crise, que abalou o nível de emprego e dificultou o crédito, ela também foi afetada. Teve um pequeno decréscimo de cerca de 2%. Porém, como trabalha muito com a reinvenção e com todos os aspectos ligados à inclusão, ela teve novamente crescimento de 5% em 2016, apesar de toda a crise. Os dados deste ano apontam em 2017 um crescimento por volta de 5% a 6%. Ou seja, é uma indústria muito resistente, aquela que mais tardiamente entra na crise e a primeira a sair”, diz Santos.

Para ele, um dos motivos dessa resistência aos períodos de turbulência econômica foi a incorporação de um novo contingente de consumidores no Brasil. “Eles vêm da famosa classe C, pessoas que ascenderam à classe média. Mas também do mercado do luxo, que ficou bastante estampado nos últimos 10 anos. Esse crescimento incorporou novos consumidores e novos hábitos.”

Expectativa positiva

Para o ano de 2018, a expectativa é ainda mais positiva. “Se em um período de vacas magras, a indústria se manteve estável ou até em crescimento, então imagina o que acontece quando a economia vai bem. Em 2018 devemos voltar a um patamar de dois dígitos.”

A jornalista especializada na área Sueli Ortega, proprietária do site Cosméticos BR, explica o que representaria a compra da The Body Shop pela Natura, a líder nacional do setor.

“Definitivamente ela terá um caminho aberto para a internacionalização com a marca própria, a australiana Aesop, que adquiriu em 2012, e a The Body Shop, com as quais ela tem a perspectiva de buscar maior internacionalização. Na América do Sul, ela já está bem consolidada e na Europa também já é bem conhecida. Mas deverá buscar novos continentes.”

Essa onda de conquista do mercado internacional conta com um programa de incentivo no Brasil. A Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), em conjunto com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), tem um projeto que se chama Beautycare Brazil”.

“O projeto já existe há 17 anos. Eles levam as marcas brasileiras a rodadas de negócio e importantes feiras internacionais, como Middle East e a italiana Cosmoprof, para divulga-las no exterior e aumentar as exportações.”, diz Sueli.

Atualmente os países-alvo, a partir de estudos de mercado, são África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Coreia do Sul, França, México, Peru e Reino. “318 empresas empresas já participaram do projeto, e 100 países foram destino de exportação no ano passado”, conta a jornalista. “Na última Cosmoprof, houve um crescimento de 71,4% no número de participantes brasileiros e a geração US$ 278 milhões em exportação. Isso equivale a 39,8% da exportação total do segmento.”

Sueli lembra ainda que o grupo O Boticário, a segunda maior empresa nacional do setor, “está muito firme em Portugal e presente no o México e outros países da América Latina”. “É a maior rede de franquia do Brasil, com mais de 3 mil lojas que vendem seus produtos e cerca de 900 franquiados. Tem lojas em 170 municípios e atende 100% do país.”

As estrangeiras L’Oréal, Unilever e P&G completam o top 5 das maiores empresas do setor no Brasil.

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