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Imprensa

Depoimento de Lula vira show midiático, diz Le Monde

A imprensa francesa desta quinta-feira (11) repercute o depoimento do ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira (10), pela primeira vez, ao juiz Sérgio Moro, da décima terceira Vara Federal da Curitiba. Para o jornal Le Monde, o interrogatório tomou ares de "um grande espetáculo".

O jornal frances Le Monde destaca o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, nesta quarta-feira (10), em Curitiba.
O jornal frances Le Monde destaca o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, nesta quarta-feira (10), em Curitiba. Reprodução
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"O depoimento de Lula virou um show midiático", diz o título da matéria do Le Monde. "Ele chegou sob vaias e gritos de apoio, seguido por uma montanha de câmeras. Chamado de estrela, amado por uns, detestado por outros, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil de 2003 à 2011, enfrentou o juiz Sérgio Moro em um interrogatório com ares de show", escreve a correspondente do diário no Brasil, Claire Gatinois.

A repórter ressalta que o depoimento, filmado, foi divulgado logo depois e se espalhou rapidamente pelas redes sociais. "Durante mais de cinco horas vemos o ex-presidente combativo e reclamando de ser vítima de uma perseguição", escreve. Afinal, com todas as atenções do Brasil voltadas para Curitiba, Lula aproveitou os holofotes para criticar o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e angariar simpatia da população.

Mas se a ênfase midiática dada ao caso é exagerada, avalia Le Monde, o único responsável é o próprio juiz Sérgio Moro, que utilizou as mídias para fazer do processo um espetáculo. "Tornando-se uma figura ultrapopular, o magistrado se protegeu dos poderosos que colocou na prisão", escreve a jornalista. No entanto, reitera, mirando em Lula, essa estratégia tende a não funcionar devido ao forte carisma do petista.

Batalha entre as duas personalidades mais populares do Brasil

O jornal Le Figaro também aborda a questão. "O Brasil ficou em estado de suspense no primeiro confronto entre as duas personalidades mais populares do país: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, réu no escândalo da Lava Jato, e de Sérgio Moro, o juiz em guerra contra a corrupção", escreve o correspondente do jornal Le Figaro no Rio de Janeiro, Michel Leclerq. Tudo opõe os dois protagonistas desta trama, diz o diário. Lula é um "carismático político de 71 anos, guerreiro das lutas sindicais", enquanto Sergio Moro é "um incansável juiz de 44 anos, um peão de trabalho dedicado a uma vida quase monástica".

Como pano de fundo da batalha de gigantes, há o apoio de dois grupos originários da forte polarização que vive Brasil. Milhares de simpatizantes de Lula, vieram de todos os cantos do país, vestidos de vermelho, demonstrar seu suporte diante do palácio da justiça do Paraná. Le Figaro destaca que Moro, no entanto, pediu para que seus "torcedores" não fossem a Curitiba. Afinal, segundo o jornal, o objetivo de Moro é tratar o ex-presidente, investigado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, como um cidadão "ordinário".

Mas o feitiço pode virar contra o feiticeiro. Segundo o jornal La Croix, a teoria de complô de Lula funciona. Para uma boa parte da população, a destituição de Dilma Rousseff foi um golpe de Estado e Sérgio Moro abusa de seu poder, ao "perseguir os acusados". La Croix lembra que, embora Lula seja detestado por uma parte da classe média, o petista é o "queridinho" das classes populares, que poderiam levá-lo a uma larga vitória no primeiro turno da eleição presidencial de 2018.

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