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Corrupção

Le Figaro: "Práticas inescrupulosas da Odebrecht desestabilizam a América Latina"

A edição desta segunda-feira (27) do jornal francês Le Figaro dedica uma página inteira às "práticas inescrupulosas" de corrupção da Odebrecht. O diário, de linha conservadora, relata os milhares de dólares de propina pagos pela construtora brasileira para obter contratos em vários países da região e questiona até que ponto esses escândalos colocam em risco a estabilidade política no subcontinente americano.

A situação da Odebrecht, que abala vários governos na América Latina, é destaque no jornal francês Le Figaro desta segunda-feira (27).
A situação da Odebrecht, que abala vários governos na América Latina, é destaque no jornal francês Le Figaro desta segunda-feira (27). Reprodução
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Le Figaro descreve detalhadamente a forma como a Odebrecht participou do financiamento de campanhas e políticos de onze países latino-americanos, num montante estimado em US$ 1 bilhão de propinas. Nove países são apontados em gráficos ao lado das somas pagas: México (US$ 10,5 milhões), República Dominicana (US$ 92 milhões), Guatemala (US$ 18 milhões), Venezuela (US$ 98 milhões), Colômbia (US$ 11 milhões), Panamá (US$ 59 milhões), Peru (US$ 29 milhões), Brasil (US$ 349 milhões) e Argentina (US$ 35 milhões). Ficam de fora da ilustração somente Cuba e Equador.

No texto, o jornal apresenta o departamento de Operações Estruturadas, o setor de propinas da Odebrecht. Conta que ele "atuou de maneira clandestina durante mais de uma década, para financiar a corrupção em grande escala".

Sistema tentacular

"O presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, preso desde 2015, passou os primeiros meses silencioso [...], mas, quando decidiu abrir a boca, estremeceu toda a classe política brasileira. [...] O escândalo não se restringe, no entanto, ao Brasil, uma vez que a empresa é ativa em todo o continente americano. Em fevereiro, procuradores de 11 países se reuniram no Rio de Janeiro para coordenar seus esforços e ver de que maneira poderão desemaranhar esse sistema tentacular."

Depois de mostrar que o governo Dilma foi substituído por um governo igualmente comprometido, a começar pelo presidente Michel Temer, por boa parte de seus ministros, além dos presidentes da Câmara e do Senado, passando pela cúpula do PSDB, com os senadores Aécio Neves e José Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Le Figaro afirma que os políticos brasileiros estão momentaneamente protegidos pela lentidão da Justiça e o excesso de trabalho no Supremo Tribunal Federal (STF). "Um intervalo precioso para o Congresso articular uma anistia para delitos financeiros ligados às campanhas", destaca o texto.

A questão é que a imprensa latino-americana revela diariamente novas ramificações do sistema de corrupção ligado à Odebrecht. O jornalista Patrick Bèle, que assina a matéria, chega à conclusão de que há indícios suficientes, sim, para a Odebrecht desestabilizar a América Latina.

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