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Salão do Livro: Paris e Hemingway inspiram escritores brasileiros

Paris é uma festa? Inspirado no título de uma das obras mais famosas do escritor americano Ernest Hemingway, esse foi o tema de uma das mesas redondas no estande do Brasil no Salão do Livro de Paris, que abriu suas portas nesta sexta-feira (24). A capital francesa é fonte de inspiração para ao menos dois dos cerca de 30 escritores brasileiros que participam do evento para divulgar sua literatura.

Fábio Pereira Ribeiro apresentou nesta sexta-feira, 24 de março de 2017, no salão do Livro de Paris seu livro "Um Dry Martini para Hemingway".
Fábio Pereira Ribeiro apresentou nesta sexta-feira, 24 de março de 2017, no salão do Livro de Paris seu livro "Um Dry Martini para Hemingway". RFI
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Fábio Pereira Ribeiro está em Paris para promover, no Salão do Livro e no festival Primavera Literária Brasileira, seu primeiro romance "Um Dry Martini para Hemingway", publicado no final de 2016 no Brasil pela Simonsen. Foi ao sentar na "Closerie des Lilas", bar e restaurante parisiense frequentado por Hemingway nos anos 1920, e pedir um Dry Martini, como o escritor americano, que ele teve a inspiração para entrar no mundo da ficção.

Oficial da reserva do exército brasileiro e executivo do setor educacional, Fábio já tinha três livros de ensaios publicados, mas sempre sonhou em escrever romances. "Paris é uma festa", o livro de memórias de Hemingway, e o primeiro romance do americano, "O Sol também se levanta", ambientado na capital francesa, foram duas obras que o marcaram.

Como o personagem principal do filme "Meia-noite em Paris", de Woody Allen, o brasileiro volta no tempo em seu romance e propõe um passeio pela capital francesa do início do século 20, "na época da efervescência cultural e do período da arte moderna". Apesar da ameaça terrorista e quase um século depois, Paris ainda é uma festa? O escritor não tem a menor dúvida: "Paris foi, é e sempre será uma festa principalmente porque é uma capital do mundo que exala cultura e arte constantemente. Quando Hemingway cunhou o termo 'Paris é uma festa', ele quis explorar o lado bom quando viveu nos anos 20 e, depois, algumas outras experiências que teve na cidade na Segunda Guerra Mundial e nos anos 50. (...) ele conseguiu enxergar o quanto a cidade é de fato uma festa, uma cidade que sofreu o impacto de guerras, de violência, mas não perde sua essência de cultura e arte."

Fábio confessa que idealiza a capital francesa. Ele acha que a cidade ainda tem o ar daquela Paris dos anos 20, frequentada por Hemingway, Fitzgerald, Ezra Pound, Gertrude Stein e James Joyce, em seus "cafés, salas de cinema tradicionais ou nas pequenas lojas". O escritor já negocia a tradução de "Um Dry Martini para Hemingway" para o francês e escreve seu novo romance sobre "Kiki", a rainha de Montparnasse, o bairro boêmio e artístico de Paris nos anos 20.

Paris e romance policial

O coração do carioca Marco Guimarães também bate mais forte por Paris, cidade onde ele mora boa parte do ano. No estande brasileiro do salão do livro, ele falou nesta sexta-feira sobre "Romance policial e literatura fantástica". Formado em medicina e professor aposentado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Marco Guimarães começou a escrever crônicas em 1997. Ele tem quatro romances publicados no Brasil, e três deles se passam na capital francesa: seu primeiro livro "Um escritor e seu fantasma em Paris", de 2007; "Meu pseudônimo e eu", de 2012, publicado pela Octavo; e "O estranho espelho do Quartier Latin", de 2016, pela Atlântica.

Ao invés da questão por que Paris inspira a sua literatura, Marco Guimarães prefere a pergunta por que Paris o escolheu? Para responder, ele cita o italiano Umberto Eco, para quem os "escritores não são uma fonte inesgotável de significados que preenchem uma obra. Ou seja, o que escrevem não é fruto de uma intencionalidade". O brasileiro completa o pensamento, afirmando "também não escolhemos as ambiências onde localizamos as nossas estórias. São elas (as cidades) que nos escolhem."

Os dois escritores brasileiros continuam acreditando, como Hemingway, que "Paris sempre vale a pena, e retribui tudo aquilo que você lhe der".

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