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UE/Mercosul

Agricultores da UE usam crise da carne para pressionar Mercosul

As irregularidades em 21 frigoríficos brasileiros reveladas pela Operação Carne Fraca da Polícia Federal estão servindo de munição para a principal confederação de agricultores e pecuaristas europeus (Copa-Cogeca) pressionar a Comissão Europeia, o braço executivo do bloco, na rodada de negociações iniciadas nesta segunda-feira (20) com o Mercosul, em Buenos Aires.

Arnaud Petit, diretor de Commodities e Trade da confederação europeia Copa-Cogeca.
Arnaud Petit, diretor de Commodities e Trade da confederação europeia Copa-Cogeca. Reprodução
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O diretor de Commodities e Trade do Copa-Cogeca, Arnaud Petit, disse em entrevista à RFI Brasil que os produtores europeus vão perder muito dinheiro   entre € 7 bilhões e € 9 bilhões por ano   com uma maior abertura às importações do bloco sul-americano. Esses valores constam de dois estudos publicados pela Comissão Europeia. "As negociações com o Mercosul são sempre muito estratégicas para o setor da agricultura na Europa", afirma.

A situação da carne, de acordo com Petit, é a mais preocupante. "Na Europa, há muita discussão sobre o impacto positivo ou negativo da produção de carne. Discute-se se o consumo do produto é saudável ou não. É um assunto delicado. Sempre que surge um escândalo sanitário, em qualquer parte do mundo, há sempre um impacto no consumo de carne bovina na Europa, mesmo quando os produtores europeus não têm culpa no caso." A entidade exige a aplicação das mesmas regras vigentes na Europa para os exportadores sul-americanos e de outras partes do mundo.

Mesmas regras devem ser aplicadas a todos

O sindicalista explica que o produtor europeu é obrigado a dar garantias de rastreabilidade da carne desde o nascimento do bovino até o abate, enquanto nas negociações internacionais a União Europeia reduz esse prazo para 90 dias anteriores à morte do animal. “Um trimestre equivale a apenas 10% do tempo de vida do gado e não é suficiente”, segundo Petit, para assegurar a qualidade da carne.

"Não criticamos os sistemas sanitários de outros países para seus mercados. Mas eu posso assegurar, hoje, que se o produtor europeu aplicar as regras do Brasil, da Argentina ou de outro país do Mercosul na Europa, o animal nunca vai entrar na cadeia alimentar. Se a União Europeia quiser abrir seu mercado a outros países, devemos garantir que as mesmas regras sejam aplicadas para o consumo interno e as importações", argumenta Petit. "A exigência não é para proteger os produtores, mas sim para dar garantias aos consumidores finais da boa saúde animal ", enfatiza o sindicalista.

China, Chile e União Europeia fecharam nesta segunda-feira, total ou parcialmente, seus mercados às carnes brasileiras, após a revelação de suspeitas de produtos adulterados para o consumo humano em 21 frigoríficos. As denúncias atingem em cheio a JBS e a BRF, dois gigantes do setor no país, primeiro exportador mundial de carne de boi e de frango, que luta para sair de dois anos de recessão. Os europeus solicitaram ao governo brasileiro que os frigoríficos investigados tenham suas certificações suspensas e saiam da lista de exportadores para o bloco.

 

 

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