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Cogumelos dos Yanomami querem conquistar mercado francês, diz antropólogo Moreno Martins

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Os cogumelos produzidos na reserva Yanomami podem conquistar o paladar dos franceses? Essa é uma das apostas do Instituto Socioambiental e diversos parceiros de um projeto com a etnia para desenvolver uma atividade comercial em torno de alguns produtos comestíveis produzidos no território indígena na Floresta Amazônica.

O antropólogo Moreno Martins da ONG Instituto Socioambiental divulga trabalho dos índios Yanomami.
O antropólogo Moreno Martins da ONG Instituto Socioambiental divulga trabalho dos índios Yanomami. RFI
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Antropólogo da ONG Instituto Socioambiental, Moreno Martins acompanhou dois indígenas Yanomami convidados para conhecer Paris por iniciativa do chef carioca Raphaël Régo, proprietário de dois restaurantes que utilizam ingredientes brasileiros em suas receitas.

Num primeiro momento, o grupo percorreu vários restaurantes locais indicados por Régo para que os dois indígenas conhecessem a história da culinária francesa. “O objetivo foi fazê-los entender onde o produto deles vai chegar aqui na França depois de sair da floresta e cruzar o Oceano Atlântico, e em que tipo de contexto”, explicou.

Os Yanomami conhecem e trabalham com um grupo de 15 cogumelos e oferecem um “mix” das espécies coletadas. Os produtos foram apresentados para críticos gastronômicos e a imprensa especializada em um dos restaurantes de Raphaël Régo.

“Entre esses cogumelos que os índios coletam, algumas espécies são parecidas com as dos asiáticos. Os sabores são parecidos. Por exemplo, o shitake asiático tem um parente muito parecido com um dos cogumelos produzidos na reserva Yanomami. Alguns cogumelos terão um sabor muito parecidos com os daqui e outros bem diferentes”, diz Moreno.

Conquista de mercados

A primeira etapa, no entanto, é criar um mercado interno no Brasil para absorver esses produtos. Um ponto de comercialização de cogumelos secos já foi introduzido no mercado municipal de São Paulo para dar visibilidade aos produtos e conquistar clientes, antes de exportar. “Estamos criando uma demanda para esse produto existir”, lembra Moreno Martins.

Os índios Yanomami com o chef carioca Raphael Rego, em Paris.
Os índios Yanomami com o chef carioca Raphael Rego, em Paris. RFI

A introdução no mercado francês se dará inicialmente pela parceria com o chef Régo porque a possibilidade de exportar diretamente ao mercado deve demorar alguns anos, segundo o antropólogo do Instituto Socioambiental.

A maior preocupação é conquistar apoio para o projeto se desenvolver na própria reserva indígena. “Vender para a França não é o principal objetivo. Estamos aqui buscando apoio financeiro de doadores internacionais para continuar o projeto. Esses produtos precisam de um apoio financeiro forte para que eles sejam sustentáveis. Atualmente, ele não tem um comércio sustentável sob o ponto de vista econômico”, afirmou.

Um jantar beneficente foi agendado em setembro, em Paris, com apoio de vários chefs locais para levantar fundos para dar suporte ao projeto no Brasil.

“Tudo isso faz parte de um projeto maior de geração de renda para os Yanomami terem uma autonomia com relação à demanda de bens manufaturados que eles têm”, diz Moreno. “Eles têm demanda de bens industrializados, sobretudo de metal como facão, machado, para fazer roça, mas, por enquanto, eles não têm como gerar renda. Esse tipo de produto (cogumelos) visa ajudá-los a conquistar autonomia financeira”, conclui.

 

  

 

 

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