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Le Monde descreve “situação apocalíptica” do Rio de Janeiro e outros estados

A preocupante situação de falência do Rio de Janeiro e de Minas Gerais é destaque no jornal Le Monde que chega às bancas nesta terça-feira (31). Decretados em situação de calamidade financeira, os dois estados iniciaram uma queda de braço com o governo federal, que tenta impor uma rígida cura de austeridade às duas administrações.

Vista aérea do estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, com o gramado abandonado.
Vista aérea do estádio Maracanã, no Rio de Janeiro, com o gramado abandonado. REUTERS/Nacho Doce
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Para exemplificar a gravidade do problema, a reportagem da correspondente do jornal começa com o testemunho de um casal de funcionários cariocas que está com os salários atrasados, as contas para pagar e projetos abandonados. Funcionária há 30 anos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que está prestes a fechar suas portas por falta de dinheiro, a brasileira se mostra revoltada. "Estamos pagando pelos caixas dois do governo. É profundamente injusto", declara.

Os 30 mil estudantes da UERJ não têm mais aulas. Os bolsistas pararam de receber o benefício. A higiene, a manutenção e a segurança do campus não são mais asseguradas. A mesma “situação apocalíptica”, conforme a expressão utilizada pelo Le Monde, acontece em hospitais, delegacias de polícia e prisões estaduais. O estado do Rio de Janeiro, cuja capital estava em destaque internacional há apenas seis meses durante as Olimpíadas, mergulha cada dia mais no caos, com uma dívida acumulada de R$ 19 bilhões no início de 2017, relata o vespertino.

“O governador Pezão tenta negociar com o presidente Michel Temer uma saída. O rigoroso plano de ajuda, finalizado na última quinta-feira (26), ainda tem que convencer a Suprema Corte, mas seu conteúdo, que inclui privatizações e cortes de salários, já provoca a revolta de sindicatos”, aponta Le Monde. "Isso não é uma negociação, é uma chantagem", protesta a funcionária pública carioca entrevistada pelo jornal.

A situação no Rio e em Minas é dramática e urgente, mas não é a única. O Rio Grande do Sul também está em situação de calamidade financeira, assim como dez outros governos estaduais, diz  Le Monde. Todos pedem uma renegociação de suas dívidas a Brasília. Porém, como o governo federal também enfrenta dificuldades financeiras e está cansado dessa “cultura de negligência orçamentária”, busca-se uma solução radical para superar definitivamente a crise, afirma o jornal.

“Desenvoltura dos dirigentes”

Le Monde explica que a situação no Rio é consequência da corrupção na cúpula do estado e de má gestão. “O ex-governador Sérgio Cabral está atrás das grades, suspeito de desviar centenas de milhões de reais nas obras do Maracanã e de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2014. Segundo o texto, a desonestidade de Cabral permitiu que ele levasse uma vida de rei. De forma mais anedótica, mas não menos chocante, o governador de Minas, Fernando Pimentel, demonstrou sua falta de consciência pública ao alugar um helicóptero para trazer de volta o filho de uma festa de Réveillon, conta o artigo.

O jornal considera legítimo questionar se o funcionalismo deve pagar pela imoralidade dos governantes. Mas argumenta que além da crise moral, a questão é saber se o programa de austeridade proposto pelo governo federal será eficaz para resolver a crise do endividamento estadual de forma perene. Vários economistas ouvidos pelo Le Monde acreditam que não, porque o principal problema, segundo eles, é o ICMS, maior fonte de receita dos cofres estaduais.

“O enorme desperdício do Maracanã”

Em outra matéria na mesma página, Le Monde revela “o enorme desperdício” do Maracanã. “O estádio, que abrigou a cerimônia espetacular de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016 e jogos históricos da Copa do Mundo de 2014, está completamente abandonado. Até o busto do jornalista Mário Filho, que dá nome ao estádio, foi roubado”, revela o jornal.

A origem desse triste espetáculo é uma guerra entre a concessionária americana AEG e a Odebrecht, envolvida no maior escândalo de corrupção da história do país. As duas empresas travam uma batalha sobre quem deve pagar obras estimadas em R$ 2 milhões. Em dificuldade financeira, a Odebrecht estaria deixando a situação se deteriorar porque estaria negociando a venda do estádio. O grupo francês Lagardère estaria entre os compradores potenciais, informa Le Monde.

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