Brasil deve rever modelo social criado na época de Getúlio Vargas, diz economista
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O Brasil terminou 2016 com um superávit recorde em sua balança comercial – o maior desde os anos 1980. Boa parte desses números são resultado da atividade agrícola do país, que parece não conhecer dificuldades, apesar do contexto instável brasileiro. Para Jean-Yves Carfantan, economista e especialista em matérias-primas, o agronegócio continua protegido da crise, mesmo se ele pode apresentar limites.
Os números divulgados esta semana apontam que o agronegócio deve crescer 2% este ano e responder pela metade da expansão do PIB (Produto Interno Bruto) em 2017. “No momento, a agricultura é uma das poucas coisas que o Brasil pode utilizar para melhorar sua situação econômica”, analisa Carfantan, que dirige a consultoria AgroBrasConsult. Ele ressalta que esses bons resultados atingem principalmente “as grandes cadeias de produção de soja e milho, que são dirigidas ao mercado internacional, e que continuam com boa rentabilidade”.
No entanto, esses números esbarram no fato de que o país exporta principalmente matéria-prima com pouco valor agregado. “Claro que seria melhor que o Brasil pudesse processar esses produtos básicos. Mas infelizmente isso depende de investimentos industriais, de empresas nacionais e estrangeiras. Apenas se o cenário econômico melhorar teremos esses investimentos para poder exportar produtos com alto valor agregado”, explica.
Carfantan prevê que a situação do Brasil deve continuar instável pelo menos até 2020. “Se o governo não conseguir implementar suas reformas, a economia não vai se recuperar”, alerta. Porém, ele estima que “a crise que o Brasil está passando é muito mais forte que uma questão de mudança de governo ou de impeachment. O país tem que rever o modelo de desenvolvimento econômico e social que foi criado na época de Getúlio Vargas”, analisa.
Ouça a entrevista completa clicando na foto acima ou no vídeo abaixo.
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