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Rebelião em presídio de Manaus deixa ao menos 60 mortos

Ao menos 60 presos morreram durante um combate entre facções rivais pelo tráfico de drogas no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), em Manaus, que começou na noite do domingo (1°).

Fachada do Complexo Penitenciário Anísio Jobim
Fachada do Complexo Penitenciário Anísio Jobim Divulgação
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Trata-se do segundo maior massacre da história dos presídios brasileiros. Fica atrás apenas daquele de Carandiru, em São Paulo, que, em 1992, deixou 111 detentos mortos - a maioria por policiais que entraram no local para conter uma rebelião.

O número de mortos no presídio de Manaus ainda não é definitivo porque a revista ainda não foi concluída. No final da tarde desta segunda-feira (2), informações mais precisas serão divulgadas. Além da rebelião, 87 presos fugiram de outra unidade prisional horas antes.

Foram 17 horas de motim, segundo o secretário de segurança pública do Estado, Sérgio Fontes. Os agentes penitenciários apenas retomaram o controle da prisão na manhã desta segunda-feira.

As facções envolvidas no massacre são a FDN (Família do Norte) e o PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminal baseada em São Paulo. Durante o movimento, 12 guardas e 74 detidos foram feitos reféns - todos foram liberados sem ferimentos.

"É a maior matança cometida em uma prisão da Amazônia", afirmou Fontes. "Muitos foram decapitados e todos sofreram muitas violências para mandar um recado para seus inimigos."

Ele afirmou não ter havido danos materiais importantes, com exceção de "alguma cela incendiada" e que por enquanto não há contagem de possíveis presos foragidos.

Disputa entre facções criminosas

Em outubro passado, enfrentamentos entre facções dentro de um presídio no estado de Roraima deixaram 25 mortos. "A disputa entre facções criminosas ocorre em todo o Brasil, em todas as unidades penitenciárias", disse Fontes. "Aqui no Amazonas há duas organizações, o PCC e a FDN, e ontem explodiu uma vingança de parte desta última contra membros do PCC".

Rebeliões ou confrontos são muito comuns nas superlotadas penitenciárias brasileiras, onde grupos criminosos disputam o controle do tráfico de drogas.

De acordo com um estudo do Ministério da Justiça, segundo o qual a maioria dos presos são jovens negros, a população carcerária no fim de 2014 era de 622 mil pessoas em todo o país.

O Brasil tem a quarta maior população prisional do mundo, depois de Estados Unidos, China e Rússia, segundo o documento. Organizações de defesa dos direitos humanos alertaram várias vezes para as deploráveis condições dos presídios no país.

Superpopulação nos presídios

Para enfrentar a superlotação dos presídios, o Brasil deveria aumentar em 50% o número de vagas. No Amazonas, com uma população carcerária superior a 8.800 presos, as penitenciárias abrigam 2,59 presidiários por cada vaga disponível.

"Há uma guerra silenciosa do narcotráfico em que o Estado tem que intervir", enfatizou Fontes. "O que estamos vendo? O que vimos neste caso? Uma facção lutando contra outra porque cada uma quer ganhar mais dinheiro. A disputa é por dinheiro, por espaço", acrescentou.

OAB denuncia omissão

Glenn Freitas, da Comissão Nacional dos Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), acusou o estado do Amazonas de "omissão".

"Há mais de um ano que a FDN anunciou que iria matar os membros do PCC, que são em menor número em Manaus. E o governo não fez nada. Poderia ter sido feito um presídio apenas para o PCC, mas apenas os colocaram em pavilhões separados", disse em entrevista à rádio CBN.

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