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Planeta Verde

São Paulo pode ter aumento de temperatura de 10 graus até 2100

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A Organização Mundial de Meteorologia (OMM), órgão das Nações Unidas, divulgou um estudo no final de novembro em que anuncia que 2016 foi o ano mais quente desde que as medidas de temperaturas globais começaram a ser feitas na época da pré-revolução industrial, em 1850.

São Paulo terá aumento de temperatura
São Paulo terá aumento de temperatura Divulgação
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Sarah Bazin, especial para a RFI

De janeiro a setembro de 2016 foi registrado um aumento de 0,88 graus Celsius, uma média acima da registrada entre os anos 1960 e 1990.

2015 já tinha quebrado recordes, aumentando um grau Celsius, mas 2016 marcou um aumento de 1,2 graus Celsius em comparação com o século 19.

Para Iago Hairon, coordenador do Grupo de Trabalho Sobre o Clima da ONG Engajamundo, esse valor é estrondoso e inesperado, o que pode intensificar as previsões até o final do século. Isso poderá pôr em xeque o Acordo de Paris, concluído durante a Conferência do Clima em 2015.

“Quando se falou pela primeira vez em meta máxima de temperatura, que foi de 2 graus durante a COP de Copenhague, precisava se fazer muitos esforços para que o mundo não aquecesse mais de 2 graus, mas a gente não faz nada hoje", diz.

E continua: "Se o Acordo de Paris não for cumprido, vamos ter uma média de 6 graus de aumento de temperatura terrestre em 2100, isso significa, por exemplo, que cidades como São Paulo vão ter uma alta de mais de 10 graus por causa das ilhas de calor”.

Picos de temperatura

Hairon diz  ainda que, para diminuir esses picos de temperatura, o mundo precisa fazer esforços quase impossíveis. “A gente precisava, por exemplo, que os governos no mundo todo parassem com incentivos a termoelétricas e colocassem os combustíveis fósseis de lado, porém é quase impossível. Então chegamos a um momento crucial para gente e para o planeta, que é 2017.”

Por isso, para Hairon, o Acordo de Paris tem um ponto muito problemático. “Um dos maiores problemas que eu vejo é que o acordo só prevê uma alteração da ambição de redução de emissões de gases de efeito estufa a partir de 2020, ou seja, é como se até lá nada estivesse acontecendo no mundo e as taxas de 1,2 graus de temperatura, como ocorreu esse ano, não estivessem acontecendo.”

De acordo com a Organização Internacional para a Imigração, o número de imigrantes no mundo tende a aumentar como resultado de desastres ambientais relacionados ao aquecimento global. O Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas divulgou que, em 2015, o número de deslocamentos relacionados a desastres climáticos ou geofísicos foi mais do que o dobro do que os relacionados a conflitos e guerras, chegando a 19,2 milhões de pessoas.

Desastres climáticos

Segundo Neide Oliveira, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, em São Paulo, o Brasil não sofre tanto com altas variações de temperatura, mas sim com desastres climáticos, como enchentes, secas e chuvas muito fortes. Ela diz que isso pode prejudicar muito a agricultura brasileira e fazer com que muita gente se desloque para as grandes cidades.

“A população do interior, principalmente do Nordeste, deve diminuir bastante e se deslocar para a cidade em função do clima extremo. Na região da Amazônia também, já que teremos muita seca em algumas regiões e muita chuva em outras.”

Para Neide, as altas temperaturas afetam o fenômeno do El Niño no Brasil.“Existem ciclos, e ele é um fenômeno mais longo, ou seja, começa a se formar no oceano Pacífico com a elevação da temperatura da superfície do oceano. Com isso, as correntes marítimas e atmosféricas se modificam favorecendo para o nosso país mais chuvas nas regiões Sul, Norte e Nordeste e e seca na região central. O aquecimento global vem potencializar esses fenômenos.”

Uma coisa é certa: a temperatura está aumentando e a comunidade científica clama por ações concretas dos governos para que esses desastres naturais e humanitários parem de se intensificar.

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