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Mercosul se reúne em meio à tensão com Venezuela e preocupação com Brasil

Em meio à tensão com a Venezuela e à preocupação com a crise brasileira, os países do Mercosul se reúnem em Buenos Aires. Para evitar tensão ainda maior, pela primeira vez na história, a reunião não conta com a participação dos presidentes dos países do bloco. Apenas os ministros das Relações Exteriores estão em Buenos Aires. A reunião do Mercosul vai oficializar o começo da presidência rotativa da Argentina pelos próximos seis meses, a partir de 1 de janeiro.

A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, promete apareser na reunião do Mercosul, nesta quarta-feira (14) em Buenos Aires, apesar de seu país ter sido suspenso do bloco.
A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, promete apareser na reunião do Mercosul, nesta quarta-feira (14) em Buenos Aires, apesar de seu país ter sido suspenso do bloco. Reuters
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Márcio Resende, correspondente em Buenos Aires

No Palácio San Martín, sede da Diplomacia argentina, os chanceleres de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai vão discutir estratégias para tornar o Mercosul um bloco mais dinâmico. Internamente, uma das pistas é a eliminação de barreiras técnicas que emperram o comércio. Externamente, se busca a aceleração de negociações com outros países ou blocos.

Para o Mercosul, a chegada de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos é uma janela de oportunidade. Segundo os negociadores, Trump deve representar mais protecionismo e um freio nas negociações de livre comércio entre Europa e Estados Unidos. O Mercosul pretende tirar proveito dessa situação para acelerar um acordo comercial com a União Europeia.

“A chegada de Trump pode interromper as negociações entre os Estados Unidos e a União Europeia. Queremos aproveitar a oportunidade para movimentar a agenda do Mercosul o mais rápido possível”, indicou na semana passada a chanceler argentina, Susana Malcorra.

Tensão com Venezuela

Do lado de fora da reunião, a situação promete ser tensa. Organizações de esquerda anunciam manifestações contra a decisão dos quatro países fundadores do Mercosul de suspenderem a Venezuela do bloco desde o último dia 2. A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, considera a decisão "ilegal" e, apesar da suspensão, promete aparecer na reunião. Os demais países já avisaram que ela não foi convidada e que não vão aceitar a presença da Venezuela.

"Ela (Delcy Rodríguez) não está convidada. O governo venezuelano não está convidado", avisou o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga. Se a chanceler venezuelana aparecer, ela poderá ter uma reunião bilateral com a sua colega argentina, Susana Malcorra, mas não participar da reunião do bloco, aponta Loizaga. "Não vai participar. Se quiser participar, nós não vamos aceitar. É uma decisão tomada", concluiu o ministro paraguaio.

Na terça-feira, o coordenador nacional da Venezuela no Mercosul, Héctor Constant, foi impedido de entrar em uma reunião técnica dos coordenadores nacionais do Mercosul.

Preocupação com Brasil

Outra preocupação é quanto a uma possível piora econômica no Brasil, caso a crise política afete a governabilidade do presidente Michel Temer após novas revelações no âmbito da Operação Lava Jato. É que as economias dos demais membros do Mercosul dependem diretamente do Brasil.

A Argentina, por exemplo, tem no mercado brasileiro 40% de todas as suas exportações. Quanto mais a recuperação econômica brasileira demorar, mais impacto continuará tendo na recuperação da Argentina. Isso pode complicar os planos políticos do governo de Mauricio Macri num ano de eleições legislativas.

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