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Brasil-Mundo

Arqueólogo brasileiro aponta China como "sonho de pesquisadores"

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Desde 2004, o arqueólogo brasileiro Alexander Kellner vem todos os anos à China para participar de pesquisas intensas sobre pterossauros, os répteis alados do período mesozóico. Ele é um dos maiores especialistas do mundo no assunto e explica que, se o Brasil é a melhor escola para os estudiosos, por se tratar do país onde os fósseis destes animais tiveram a melhor conservação pelo tempo, a China é hoje o sonho de qualquer pesquisador.

Arqueólogo brasileiro Alexander Kellner.
Arqueólogo brasileiro Alexander Kellner. Divulgação
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Vivian Oswald, correspondente da RFI na China

Os chineses têm material em abundância para se explorado e muitos recursos financeiros para fazer pesquisas. A China, segundo o professor, começou a encontrar esses restos de répteis alados em 1997. A segunda maior economia do Planeta é também o país onde a atividade deste setor tornou-se mais dinâmica.

"Um fator que talvez poucas pessoas saibam é que, em termos de paleontologia, que é o estudo dos fósseis, a China é a número um do mundo. Tem se encontrado mais fósseis importantes na China do que em todas as outras áreas de todos os outros países somados conjuntamente", ressalta o arqueólogo.

China tem um terço das espécies encontradas

Das 250 espécies reveladas pela ciência até agora, de 180 e 200 são consideradas válidas. E quase 60 foram encontradas só na China. Uma das explicações para a variedade está justamente no ritmo acelerado dos trabalhos de pesquisas.

Dada a quantidade de fósseis revelados em território chinês, foi necessário recorrer ao conhecimento de outros especialistas mundo afora para ajudá-los com as pesquisas com a velocidade necessária. Kellner foi convidado para participar de um programa de cooperação entre as academias de ciências brasileira e chinesa e se entusiasma com a contribuição que a China tem dado para a paleontologia.

"Os meus colegas chineses começaram a encontrar muitos fósseis de répteis voadores e realizaram o convite, e começamos a iniciar essa parceira que já dura mais de 10 anos. Desde 2004, eu vou todos os anos para a China. A partir deste ano, passei a ir duas vezes, tamanha a quantidade e a qualidade de material de pterossauros encontrados na China", relata o brasileiro.

O pesquisador destaca que há proximidade entre os fósseis encontrados na China e aqueles descobertos no Brasil. Pode ser que a África tenha ainda mais material em comum. Mas faltam informações. Segundo Kellner, as pesquisas no continente são praticamente inexistentes.

Brasil é o país com fósseis mais bem conservados

Ele participou da descoberta do primeiro exemplar brasileiro em 1989, na Bacia do Araripe, no nordeste do país. O Brasil é o país onde os fósseis se apresentam em melhor estado, pois estão em três dimensões. Foram protegidos por nódulos de cálcio, como se tivessem sido guardados em jaquetas de gesso. Nas outras regiões do mundo, são encontrados pedaços, ou até mesmo animais inteiros, porém amassados pelo peso das rochas.

"Cinco regiões no nosso planeta contribuem para a maior parte da informação que a gente tem sobre esses répteis alados. A primeira seria Cambrige Grimson, na Inglaterra, com rochas formadas há 80 milhões de anos, a bacia de Solnhofen, no sul da Alemanha, em rochas formadas há 150/160 milhões de anos, nos Naiobrara Chalk, Estados Unidos, em torno de 80 milhões anos, a quarta é o Brasil na região nordeste do Brasil, na bacia do Araripe, em rochas formadas há 110 milhões de anos, e, por último, a China, com vários depósitos formados entre 125 a110 milhões de anos, que nessas últimas décadas tem fornecido material espetacular e é exatamente por isso que tenho realizado pesquisas nas terras chinesas", explica.

Kellner acaba de voltar para o Brasil, mas já está preparando o retorno às suas pesquisas chinesas, marcado para maio de 2017.

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