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Educação/Pisa

Ásia brilha e Brasil cai no ranking da educação da OCDE

Os países asiáticos, com Cingapura à frente, lideram o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês) de 2015. O Brasil caiu nas três áreas de avaliação do estudo realizado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, Pisa 2015, foram anunciados nesta terça-feira (6), em Paris.
Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, Pisa 2015, foram anunciados nesta terça-feira (6), em Paris. Captura de vídeo
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Publicado a cada três anos, o Pisa avalia o desempenho dos estudantes em três áreas: ciências, leitura e matemática. Nessas áreas, o Brasil ficou na 63ª, 59ª e 66ª posição, respectivamente, entre os 70 países e economias analisados na edição de 2015. No relatório divulgado nesta terça-feira (6), em Paris, a OCDE expressa preocupação quanto a uma estagnação da cultura científica dos alunos em todo o mundo.

Em comparação aos dados de 2012, os alunos brasileiros pioraram em matemática, caindo de uma média nacional de 389 pontos para 377 pontos. A média da OCDE nessa disciplina é de 490 pontos. Segundo o relatório, 70% dos estudantes brasileiros ficaram abaixo do nível 2 de desempenho, que é o patamar mínimo da avaliação em matemática.  

Em leitura, o desempenho dos brasileiros também pode ser considerado precário: 51% dos estudantes não ultrapassaram o nível 2 na escala de avaliação da OCDE, com uma pontuação de 407, contra 493 na média da organização. A média brasileira foi a mesma de três anos atrás.

Em ciências, o Brasil registrou 401 pontos, contra o patamar médio de 493. A diferença em relação a 2012 foi de apenas um ponto (402), mostrando a falta de melhora na aquisição dos conhecimentos. Nessa disciplina, o Pisa avalia a capacidade dos estudantes de lidar com teorias, conceitos e práticas associadas à investigação científica.

As escolas da rede pública ficaram ligeiramente à frente dos estabelecimentos particulares nos resultados do Pisa 2015. As pontuações obtidas foram de 517/487 em ciências; 528/493 em leitura; e 488/463 em matemática. 

Pouco mais de 23.000 alunos brasileiros, de 841 escolas, matriculados a partir do sétimo ano, participaram da pesquisa. As idades variam de 15 a 16 anos. A escala de proficiência do Pisa oferece sete patamares, que vão de 6, o mais alto, até 1b, o mais baixo.

Cingapura ultrapassa Finlândia como sistema educacional "modelo"

Na primeira edição do Pisa, em 2000, a Finlândia surpreendeu o mundo com um sistema de educação de alto desempenho, baseado na liberdade e confiança entre alunos e professores. "Agora, é preciso viajar a Cingapura para ver o que eles estão fazendo", disse a chefe de gabinete do secretário-geral da OCDE, Gabriela Ramos, ao comentar os resultados do Pisa 2015. O país asiático aparece no topo do ranking.

Eric Charbonnier, especialista em educação da OCDE, diz que em Cingapura os estudantes "são avaliados regularmente, com um acesso à formação contínua e uma formação de base muito desenvolvida". Os melhores professores vão dar aulas nas escolas em dificuldade, além de serem mais bem-pagos do que em outras profissões. O especialista considera que os cursos particulares, frequentados por boa parte dos alunos asiáticos após o dia escolar, explicam, em parte, a boa performance desta região do mundo.

Para aptidões científicas, atrás de Cingapura aparecem Japão, Estônia, Taipé, Finlândia, Macau, Canadá, Vietnã, Hong Kong e toda a "PSJG" (cidades chinesas de Pequim e Xangai e as províncias chinesas de Jiangsu e Guangdong).

Percebe-se um declínio na Finlândia, por muito tempo considerada um modelo, devido a uma menor proporção de alunos em um nível altamente elevado em relação a 2006.

A França está na média da OCDE, com Áustria, Estados Unidos e Suécia, atrás da Alemanha e da Bélgica. Alguns países conseguiram avançar na área de ciências, como Colômbia, Israel, Macao, Portugal, Catar e Romênia.

Desigualdades flagrantes na área de ciências

Desde 2006, a última edição na qual o Pisa focou na área de ciências, os países investiram pesadamente em educação. Quase 8% dos estudantes têm um nível muito elevado nessa disciplina nos países da OCDE, uma percentagem que sobe para 24% em Cingapura. Em contraste, cerca de 20% dos países da OCDE se situam abaixo do nível 2, considerado o limiar da competência em cultura científica. No total, 34% dos alunos estão abaixo desse patamar.

"Não deixa de ser um pouco decepcionante ver que o desempenho em ciências não progrediu", lamentou Eric Charbonnier. Enquanto isso, o progresso científico tem sido enorme, com o surgimento dos smartphones, "big data", objetos conectados ou avanços em biotecnologia.

Atualmente, todo mundo precisa de uma cultura científica, que não deve ser reservada para aqueles que seguem carreiras nessa área, lembra a OCDE. Este conhecimento é necessário para, por exemplo, comer de maneira saudável, lidar com os resíduos nas grandes cidades, pesar os prós e contras de sementes geneticamente modificadas, atenuar as consequências do aquecimento global, etc., destaca o relatório.

Os estudantes com alto desempenho em ciências "têm conhecimentos e competências científicas suficientes para aplicá-las de forma criativa e independente em uma ampla gama de situações, incluindo situações com as quais não estão familiarizados".

A OCDE lamenta que "as escolas desfavorecidas têm menos professores de ciências qualificados e são menos propensas a exigir a participação em cursos de ciências". Mas não há necessidade de escolher entre promover a excelência e apoiar os estudantes em dificuldades: Macau e Portugal conseguiram fazer todos avançarem, segundo o relatório. Estônia e Coreia do Sul, entre os melhores, gastam menos por estudante do que a média da OCDE.

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