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Brasil-América Latina

Grávidas venezuelanas cruzam a fronteira para dar à luz em Roraima

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Muitas venezuelanas estão indo para Roraima, no norte do Brasil, para dar à luz. Elas recorrem à infraestrutura da área da saúde e aproveitam uma das garantias da legislação nacional.

Mulheres grávidas da Venezuela dão à luz no Brasil
Mulheres grávidas da Venezuela dão à luz no Brasil André Borges/ Agência Brasília
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Por Elianah Jorge, correspondente da RFI na Venezuela

A Venezuela vive uma diáspora de cidadãos que fogem das consequências de um cenário econômico e social delicado. Entre eles está a escassez de alimentos e remédios, inclusive de anticoncepcionais, o que está acarretando um “baby boom” no país governado por Nicolás Maduro.

Boa Vista fica a duas horas da fronteira da Venezuela. A capital roraimense é referência para as gestantes das cidades fronteiriças, porém, nos últimos meses, o perfil das parturientes mudou.

“Nós recebíamos pacientes da fronteira, de Santa Helena de Uairén, que é a primeira cidade da Venezuela perto da fronteira com o Brasil. Mas agora recebemos de toda a Venezuela. Praticamente dobrou o número de atendimentos em relação ao ano passado”, explica  a médica Marcia Monteiro, que trabalha na Maternidade Nossa Senhora de Nazaré, a principal de Roraima:

SUS arca com os custos

Em 2015, 453 venezuelanas deram à luz nesta maternidade de Roraima. Até novembro deste ano o número subiu para 688. Os custos são arcados pelo Sistema único de Saúde, o SUS. Em casos de internação, a despesa pode chegar a R$ 1.690.

Telma Lage é advogada e coordenadora do Centro de Migração e de Direitos Humanos da Diocese de Roraima. Ela trabalha diretamente dando apoio a cerca de 20 venezuelanas.

"São mulheres que fogem da fome na Venezuela e buscam aqui dar à luz para garantir a regularização da sua permanência e a da criança. Também buscam a questão da qualidade no atendimento e no atendimento posterior ao parto, por exemplo, com a questão das vacinas. Elas dizem que lá não existe este sistema”, diz.

Alguns dos entrevistados pela RFI Brasil não descartam que boa parte desqas venezuelanas foram a Roraima ter filhos para poder regularizar sua estadia em território brasileiro.

“Ter um filho no Brasil é garantia absoluta de que você vai ficar regular porque é só dar entrada nos papéis porque é garantido ao pai ou à mãe de um brasileiro e, se tiver outros menores de 18 anos, para a reunião familiar é direito a todos que tenham uma documentação brasileira”, explica Telma.

Consequências para Roraima

Toda essa situação vem gerando consequências para o estado de Roraima. Paulo Linhares, secretário adjunto de Saúde de Roraima, exemplifica como o estado vem se moldando para dar suporte aos estrangeiros:

“Foi montado um Comitê organizado pela Defesa Civil do estado de Roraima, no Corpo de Bombeiros, com quase todas as secretarias - as mais envolvidas com o problema, para que a gente possa organizar estratégias em relação ao aumento do número de venezuelanos aqu", afirma.

E continua: "Em relação à saúde é preciso buscar ajuda financeira com o Ministério da Saúde. Atualmente tentamos fazer o atendimento mais rápido aos venezuelanos. É preciso aguardar e torcer para que a crise na Venezuela passe o mais rápido possível e que eles consigam resolver os próprios problemas.”

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