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Imprensa

Prática de corrupção no Brasil não afasta investidores estrangeiros, diz Les Echos

O preço alto pago pelas empresas brasileiras envolvidas em grandes escândalos de corrupção é um dos assuntos da imprensa francesa desta quinta-feira (17). Les Echos informa que gigantes como Petrobras, Embraer e JBS* estão sob suspeita por suas práticas. O dinheiro da corrupção serve para manter as diversas coalizões que mantêm o poder no país, afirma o diário francês especializado em economia.

O jornal francês Les Echos desta quinta-feira (17) informa que Petrobras, Embraer e JBS estão sendo indiciadas por suas práticas ilegais.
O jornal francês Les Echos desta quinta-feira (17) informa que Petrobras, Embraer e JBS estão sendo indiciadas por suas práticas ilegais. RFI/ LES ECHOS
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A reportagem cita o exemplo de Flávio Rimoli, vice-presidente de governança da Camargo Corrêa. Ele foi obrigado a deixar o cargo não por causa do envolvimento da empreiteira no escândalo da Petrobras, no qual a Camargo Corrêa é uma das protagonistas. Rimoli perdeu o emprego por suposto envolvimento em um outro caso de corrupção: o de propina oferecida pelo seu ex-empregador, a Embraer, durante negociações da venda de aviões para a República Dominicana nos anos 2000. Esse caso, escreve Les Echos, ilustra a extensão do escândalo de corrupção envolvendo o mundo dos negócios e a política.

O diário francês explica que a Embraer está entre as empresas brasileiras que mais adotou práticas de transparência para inibir a corrupção. No entanto, lembra Les Echos, a fabricante de aviões teve que pagar uma dívida de US$ 206 milhões de multa para arquivar um processo de corrupção nos Estados Unidos. Assim como a Petrobras, a Embraer é alvo de investigação no país pois é cotada em Wall Street. E os casos continuaram com denúncias em outros países como Moçambique, Índia e Arábia Saudita.

Dinheiro sustenta coalizões no poder

A JBS é outra empresa investigada por suas relações próximas demais com o poder, diz a reportagem. A justiça suspeita que seus dirigentes receberam propina de diversos fundos de pensão de grandes empresas brasileiras.

"Para muitos observadores, a promiscuidade da classe política e o mundo empresarial é inerente à política", escreve o diário, explicando que no Brasil, o dinheiro da corrupção serve como um meio de manter no poder a coalizão que reúne diversos partidos.

Les Echos explica que o impacto dos escândalos de corrupção no Brasil foi tão forte que o país adotou uma legislação anticorrupção, como a proibição de empresas como a Petrobras e a Embraer de fazer doações para campanhas políticas. Além disso, muitas empresas criaram seus próprios departamentos compliance para respeitar as leis.

Mas o trabalho nem sempre é fácil, constata o diário, após ouvir um advogado de São Paulo, especializado na luta contra a corrupção. Barry Wolfe disse ao Les Echos que o orçamento para os departamentos de compliance são muito pequenos, o que demonstraria a falta de seriedade e de maior comprometimento das empresas para combater esse fenômeno.

Corrupção não assusta estrangeiros

O diário francês lembra que a Ong Transparência Internacional estima o impacto da corrupção no Brasil em mais de US$ 18 bilhões, sem contar a Petrobras, considerada “hors-concours”.

Apesar dessas práticas bastante expandidas e de uma evolução considerada positiva - mas ainda longe de satisfatória -, a corrupção não assusta os investidores estrangeiros. Segundo Les Echos, eles injetaram US$ 64,6 bilhões na economia do país no ano passado e esse valor deve aumentar para US$ 75 bilhões este ano.

* Em nota enviada à RFI, a JBS esclarece que nenhuma empresa da holding foi indiciada, como erroneamente indicado na versão anterior do texto.

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