Jornal Libération vê Temer ameaçado com prisão de Cunha
A imprensa francesa analisa nesta sexta-feira (21) as possíveis consequências da prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha e a redução da taxa de juros decidida pelo Banco Central do Brasil.
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O jornal Libération demorou a reagir sobre a prisão de Cunha, ocorrida na quarta-feira (19), mas publicou em sua página na internet uma matéria sobre as consequências dessa decisão do juiz Sérgio Moro. Segundo a correspondente do diário, a prisão de Cunha "semeia pânico" no governo de Michel Temer.
"Ele tentou até o fim manter sua influência em Brasília", escreve a jornalista Chantal Rayes. E, até maio deste ano, Cunha era, segundo o Libé, "o chefe todo poderoso do poleiro" que iniciou o processo de destituição da ex-presidente Dilma Rousseff. Agora, continua a jornalista, ele é o "homem-bomba" que põe em risco o novo governo.
O principal ameaçado, segundo o Libération, é o presidente Temer, com quem Cunha articulou o impeachment na época em que ele era vice. O jornal lembra que ambos fazem parte do PMDB, um dos partidos visados pela Lava Jato.
"Figura-chave do sistema de financiamento oculto do PMDB, Cunha poderia sentar-se à mesa de negociações para diminuir sua pena", escreve o Libé, referindo-se à possibilidade de Cunha se render à delação premiada. Não apenas para passar menos tempo na prisão, afirma o jornal, mas também para se vingar daqueles que o abandonaram depois dele ter tirado o Partido dos Trabalhadores (PT) do poder.
Libération cita uma declaração do deputado Silvio Costa, do PT do B, na qual o parlamentar afirma que se Cunha decidir falar, "seria o começo do fim do governo Temer".
Economia preocupa, apesar de redução da taxa de juros pelo BC
A edição desta sexta-feira do jornal Les Echos também fala do Brasil, mas sobre a flexibilização da política monetária. O Banco Central anunciou na quarta-feira (19) uma redução de 0,25 ponto percentual de sua taxa de juros, passando de 14,25% a 14%. Uma medida "tímida, mas significativa", para favorecer uma saída da recessão no país, escreve o correspondente do diário em São Paulo, Thierry Ogier.
O jornalista lembra que a taxa brasileira continua sendo uma das mais altas do mundo. Mas, ressalta, a redução é a primeira desde 2012 e deve inaugurar um ciclo de flexibilização da política monetária que poderia tirar o país da pior crise econômica que já viveu. Les Echos também explica que o que motivou o Banco Central a adotar a medida foi aprovação da PEC 241, em 10 de outubro, que limita o aumento dos gastos públicos à inflação do ano anterior.
O diário também escreve que, apesar dos esforços, os sinais de recuperação da economia brasileira tardam em aparecer. O crescimento econômico registrou um recuo de 0,9% em agosto, em relação à julho, e o desemprego não para de aumentar, assinala o jornal. As previsões de alguns economistas são de que a taxa de juros vai continuar baixando até 2018, mas "resta saber se o governo vai se segurar no poder até lá", conclui incerto o Les Echos.
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