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França/Terrorismo

Aplicativo Telegram é um desafio para serviços antiterroristas da França

O aplicativo de mensagens instantâneas criptografadas Telegram é considerado um dos sistemas de comunicação preferidos do grupo Estado Islâmico (EI) e constitui um enorme desafio para os investigadores e as autoridades. Recentemente, as instruções enviadas por um jihadista francês, atualmente na Síria, pelo aplicativo foram seguidas ao pé da letra por um grupo de mulheres que tentou, sem sucesso, fazer um atentado com carro-bomba no centro de Paris.

O aplicativo de mensagens criptografadas Telegram foi criado pelos russos e é apreciado pelos extremistas por sua eficâcia na proteção de conteúdos..
O aplicativo de mensagens criptografadas Telegram foi criado pelos russos e é apreciado pelos extremistas por sua eficâcia na proteção de conteúdos.. Chris Ratcliffe/Bloomberg via Getty Images
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Há seis meses, o extremista francês Rachid Kassim, de 29 anos, que viajou para combater ao lado do grupo EI, inspirou a partir da Síria vários ataques na França e se tornou uma prioridade para os serviços de inteligência. Ele utiliza o Telegram para convocar seus 330 contatos a cometer os ataques, publicando uma lista de alvos.

Além do comando de mulheres detido na semana passada, entre seus seguidores estava o autor do assassinato de um policial e de sua esposa em junho perto de Paris, e os degoladores do padre de uma igreja do noroeste da França em julho. Nascido em Roanne, no sudeste da França, o ex-rapper também teria "guiado à distância" um adolescente de 15 anos, detido no sábado (10) em Paris, suspeito de planejar um atentado.

"Há poucos meses, ele ainda era um desconhecido", afirmou uma fonte próxima às investigações. Ao que tudo indica, o extremista atua "fora da linha oficial do Estado Islâmico, mas o EI permite que aja porque conquistou uma notoriedade importante e porque muitos aspirantes a jihadistas se dirigem a ele", disse a fonte policial.

Telegram promete rapidez e segurança

Disponível desde 2013, o Telegram, lançado no Rússia, promete "rapidez e segurança". O aplicativo gratuito para telefones celulares, similar ao Whatsapp, permite trocar mensagens, fotos e vídeos com seus contatos, podendo chegar a um grupo de até 5.000 pessoas ao mesmo tempo. Também é possível criar canais, como no YouTube, para divulgar mensagens.

O público do Telegram parece limitado, porque o aplicativo restringe o acesso a sua conta, que é feito apenas por convite, para evitar a vigilância das autoridades. No entanto, dezenas de grupos partidários do EI se encarregam de divulgar suas mensagens, multiplicando sua audiência.

"A infiltração (no aplicativo, com pseudônimo) é possível, mas para isso é preciso ser sagaz e ter grandes conhecimentos culturais e religiosos", explica um investigador francês. O EI recomenda o Telegram em suas publicações de propaganda para que seus seguidores se esquivem dos radares dos serviços antiterroristas, que não conseguem ter acesso aos dados divulgados, criptografados por uma chave aleatória.

Desafio de 300.000 dólares

O Telegram, cuja sede está em Berlim, oferece 300.000 dólares a qualquer pessoa que seja capaz de decifrar suas mensagens. Com mais de 100 milhões de usuários, este sistema é "a principal rede utilizada pelos extremistas", confirmou em maio o chefe da Direção Geral de Segurança Interna (DGSI), os serviços de inteligência franceses, Patrick Calvar. "Enfrentamos diariamente o problema da criptografia, da multiplicação dos meios de comunicação e das massas de dados que temos que recolher". Segundo Calvar, a criptografia é "uma questão importante que apenas as convenções internacionais poderão regular".

O Telegram também tem uma função que permite aos seus usuários programar a destruição de mensagens divulgadas, tornando impossível sua compilação. Outra dificuldade é que os investigadores não sabem a quem dirigir suas demandas judiciais. "No Telegram, não sabemos a quem dirigir nossas solicitações, não existe nenhuma identidade jurídica ou um 'departamento de obrigações legais', como na Apple ou Microsoft", lamentou um investigador, o que torna impossível a identificação de um pseudônimo ou de uma conta.

(com informações da AFP)

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