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Protestos contra Temer marcam 7 de setembro no Brasil

Vaias e gritos de “Fora, Temer” marcaram o primeiro 7 de setembro de Michel Temer como presidente do Brasil no desfile do Dia da Independência na Esplanada dos Ministérios, na manhã desta quarta-feira (7), em Brasília.

Manifestação desta quarta-feira, 7 de setembro, contra o governo de Michel Temer em São Paulo.
Manifestação desta quarta-feira, 7 de setembro, contra o governo de Michel Temer em São Paulo. REUTERS/Fernando Donasci
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Fábio de Oliveira, correspondente da RFI Brasil em São Paulo

Parte do público presente à cerimônia em Brasília não hesitou em demonstrar sua desaprovação ao governo de Temer, que completa uma semana após a votação do impeachment de Dilma Rousseff no Senado.

Em São Paulo, os protestos contra o chefe do Executivo começaram cedo na Avenida Paulista e contaram com a presença de políticos como o prefeito da capital, Fernando Haddad, e o ex-senador Eduardo Suplicy. Manifestantes do Grito dos Excluídos saíram da praça Oswaldo Cruz rumo ao Parque Ibirapuera, na zona Sul da capital do estado, carregando faixas e cartazes contrárias ao governo. 

Outra manifestação anti-Temer ocorreu na Praça da Sé, marco zero da cidade de São Paulo, no início da tarde desta quarta-feira (7). No palco do histórico comício pró Diretas Já, que reuniu milhares de pessoas reivindicando eleições diretas depois de quase 20 anos de ditatura militar, em 25 de janeiro de 1984, voltaram a ecoar gritos em prol de uma nova eleição para presidente.

A historiadora Virgínia de Almeida Bessa, 37 anos, é contra o governo de Temer por considerá-lo ilegítimo. “Ele foi eleito numa chapa em que ele era vice e rompeu com a presidente no início [do segundo] mandato sem sair. Foi algo estranho”, diz Virgínia. “E é representante das velhas elites que foram alijadas do poder e de um projeto de governo que não é aquele pelo qual foi eleito.” Para ela, é possível ter eleições presidenciais se houver pressão nas ruas, mesmo que isso não esteja previsto constitucionalmente.

“A constituição só prevê impeachment com crime. Não houve crime e certamente Dilma será inocentada no Judiciário. E as eleições podem ser feitas por meio de referendo.” Eleitora de Rousseff, Virgínia não tem nenhum candidato a presidente no momento e acredita que, além de um novo processo eleitoral, a anulação do impeachment vai fortalecer as instituições. A historiadora também tem formação musical e adaptou o grito de “fora, Temer” para a Aleluia – O messias, de Handel. A peça foi apresentada por um coral na praça.

Temáticas sociais dominam manifestação

O estudante Higor Paulo, de 18 anos, da União da Juventude Socialista, também considera Temer sem legitimidade e carente de respaldo da sociedade. De acordo com o jovem, o atual governo é formado por um gabinete de homens brancos, que respalda os ricos, e com a falta de participação de negros, mulheres e homossexuais. Na visão dele, Dilma representaria os mais pobres. “Se o povo se unir, a gente consegue ter diretas já este ano mesmo”, acredita o estudante. Seu candidato seria Lula. “Ele fez o Brasil se tornar a força que é hoje.”

Felipe Canedo, de 20 anos, oi para a Sé como representante da população LGBT no protesto. “Temer é golpista, corrupto. Não só ele, mas muito outros, e foi por isso que tiraram Dilma do poder”, diz ele, que trabalha com telemarketing. Canedo também classifica o atual presidente como misógino, machista, homofóbico e racista devido à falta de diversidade nos postos-chave de sua administração.

Segundo ele, Temer vai dar fim a programas sociais como o Bolsa Família, do qual muita gente depende para sobreviver. “Eu vivo com um salário mínimo e mal consigo me sustentar. Fico pensando nessas pessoas que têm cinco filhos e recebem um salário mínimo.” Em caso de eleições, ele votaria em Luciana Genro, do PSOL. “Ela representa a minoria LGBT, os negros, as mulheres. É uma pessoa que luta pelos direitos de todos e quer um Brasil bom para todo mundo, onde a gente pode conviver sem medo, sem Temer.”

Por meio de assembleia, os participantes do protesto decidiram seguir da Sé até a Paulista subindo pela avenida Brigadeiro Luís Antônio, em meio a cânticos como “Não é só 40, vem pra rua que o Temer não aguenta” e “Temer, seu otário, o seu governo continua temporário”. Nas Paulista, o grupo fez nova votação e decidiu prosseguir até a Praça da República, no centro da capital paulista.

Outras capitais como Natal, Rio de Janeiro, Maceió, Belo Horizonte e Recife também presenciaram atos contra o governo de Michel Temer. Na capital pernambucana, um público de 20 mil manifestantes, considerado "récorde" pela organização, caminhou da Praça Derby até a Praça do Carmo. Em Belo Horizonte foram contabilizados 30 mil manifestantes, ainda segundo os organizadores. Os atos transcorreram sem violência ou embates com a polícia.

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