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Resenha da imprensa

“Brasileiros estão cansados da batalha do impeachment, diz Le Monde

Apesar de ter terminado quase ao amanhecer desta terça-feira (30) na França, a sessão do Senado que interrogou a presidente Dilma Rousseff é destaque na imprensa. Jornais ressaltaram o “ar melancólico” da presidente afastada durante a sabatina e a pouca mobilização de manifestantes pró e contra o governo em Brasília.

Discurso de Dilma foi também a "foto do dia" no jornal Les Echos.
Discurso de Dilma foi também a "foto do dia" no jornal Les Echos. Reprodução
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Em sua edição online, o jornal Le Monde diz que “cansados de meses de batalha, os brasileiros em sua maioria abandonaram a luta em defesa ou contra o impeachment, enquanto uma parte dos senadores parecem convencidos de que é preferível interromper um segundo mandato marcado por uma crise econômica sem precedentes e pelo sistema de propinas na empresa pública Petrobras.”

O canal de TV France24 trouxe a resenha de imprensa brasileira e destaca a foto da capa do jornal Folha de S. Paulo, em que Dilma, seu advogado José Eduardo Cardozo e o senador de oposição, Aécio Neves, riem descontraídos depois da sessão que durou quase 15 horas, e disse que o tom grave de todos eles parecia montado apenas para aparecer diante das câmeras.

O canal mostra a manifestação de rua em São Paulo, de apoio a Dilma, mas destaca que as pesquisas mostram que cerca de 60% dos brasileiros são a favor do impeachment.

O jornal Le Figaro registra em uma pequena nota o discurso de Dilma, destacando que mais da metade dos senadores que participaram da sabatina à presidente seriam investigados por corrupção.

No jornal econômico Les Echos, a presença de Dilma no Senado foi escolhida como a “foto do dia”, acompanhada de uma pequena legenda. Nela, o jornal diz que esta foi a última chance de Dilma diante de sua provável destituição e ressalta que a presidente tinha um “ar melancólico” diante dos senadores.

A maior cobertura foi do jornal Le Monde, na internet. O jornal descreve o discurso de Dilma nas palavras de sua enviada especial ao Brasil, Claire Gatinoise, com o título “Diante de seus juízes, Dilma Rousseff recusa o silencioso obsequioso dos covardes”, fazendo referência às palavras empregadas pela própria presidente.

A jornalista relata que os senadores acusaram Dilma de ter feito uma gestão “calamitosa” do país e que Dilma culpou a crise internacional pelo que o jornal chama de “espetacular crescimento do déficit da dívida pública”.

Segundo o Le Monde, Dilma adotou um tom marcial e evitou intencionalmente entrar nos detalhes técnicos de sua acusação. “Uma representação quase teatral com objetivo mais de defender sua biografia do que de reverter o destino”, diz o Le Monde, que destaca o riso nervoso da presidente durante sua apresentação.

Crise econômica sem precedentes

O Le Monde lembra que Dilma tinha entre seus convidados o cantor Chico Buarque e o ex-presidente Lula. Do outro lado, entre os convidados, Kim Kataguiri, o jovem que esteve à frente dos movimentos de rua que pediram o impeachment desde 2015.

Classificado como “ultraliberal”, Kataguiri foi entrevistado pelo Le Monde. Disse ele: “o conteúdo do discurso mostra que ela sabe que acabou. O PT faz um filme com referências a 1964, mas a sociedade civil sabe que isso não é verdade”. O Monde destaca que, apesar de defender a destituição de Dilma, o Movimento Brasil Livre, de Kim Kataguiri, não é entusiasta do governo Temer.

A reportagem do Le Monde termina propondo uma rediscussão da esquerda brasileira, e para isso ouve o senador Cristóvão Buarque, ex-ministro da Educação do governo Lula e agora apoiador do impeachment. Para ele, “se Dilma sair, será como João Goulart. Se ficar, ela será como Nicolas Maduro”.

A frase provocativa seria uma metáfora de sua decepção com uma esquerda que se tornou “arrogante”, que se recusa a reconhecer seus erros. “Dilma fez um discurso à la Fidel Castro”, diz Cristóvão Buarque, segundo o Le Monde. O senador conclui que, com o impeachment, pretende destituir não apenas uma presidente, mas um “modelo de velha esquerda” que precisa se renovar.

 

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