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Radar econômico

Desigualdade está nas profissões, diz brasileiro que contestou Thomas Piketty

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O nome do brasileiro Carlos Góes circulou pela imprensa especializada do mundo todo nas últimas semanas como sendo o do homem que derrubou – ou tentou – a tese do francês Thomas Piketty sobre as causas da desigualdade social. O economista maranhense confrontou dados de 30 anos de 19 países ricos com a tese central de Piketty e garante que ela simplesmente não se confirma.

Carlos Góes
Carlos Góes Arquivo Pessoal
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O francês Piketty é o autor do best seller O Capital no Século 21, que se dedica a explicar o aumento da diferença entre ricos e pobres no mundo e se tornou um fenômeno de popularidade. Sua hipótese principal é a de que a desigualdade aumenta quando o retorno dos investimentos em capital supera o crescimento econômico do país. Ou seja, o capital supera o trabalho.

“O crescimento na desigualdade é real. A questão é o que está causando ela. E essa é a divergência entre a resposta que Piketty dá e o teste que fiz da hipótese dele”, diz Góes, que tem 29 anos e cresceu em Brasília. Há cinco anos, vive em Washington e trabalha como pesquisador no Fundo Monetário Internacional, onde desenvolveu a pesquisa sobre Piketty.

Segundo o brasileiro, ao confrontar os dados com a tese, ele tentou “preencher uma lacuna” do trabalho do francês. “A tese dele é plausível, são relações lógicas que fazem sentido econômico. A grande questão é que ele traz alguns dados e gráficos de linha, mas não trouxe nenhum teste estatístico formal de suas hipóteses”, diz o economista, que também é Diretor de Pesquisas do Instituto Mercado Popular.

75% dos países não confirmam hipótese

Quando feito este teste formal, diz Góes, o resultado seria implacável: “Uma vez que existe o aumento desse hiato entre o retorno do capital e o crescimento econômico, em mais de 75% dos países que estudei, não se observa aumento na desigualdade de renda.” A explicação do brasileiro para o aumento das disparidades é outra. Ele seria explicado não pela diferença entre a renda dos capitalistas e a dos trabalhadores, como diz Piketty, mas pelo aumento da desigualdade nos rendimentos de tipos diferentes de trabalhadores.

“Banqueiros, advogados e médicos passaram a ganhar muito mais dinheiro na maioria dos países avançados, enquanto que trabalhadores sem muita qualificação não tiveram aumento significativo na sua renda”, diz Góes, que defende a importância de seu trabalho para que as políticas públicas de redução das desigualdades sejam eficientes. “Se encontramos as causas erradas, faremos políticas públicas também erradas”, conclui.

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