Acessar o conteúdo principal
Rio/gastronomia

Durante Jogos, melhor chef do mundo cozinha contra exclusão social

O italiano Massimo Bottura, eleito o melhor chef de cozinha do mundo pelo ranking “50 Best Restaurants” vai cozinhar cerca de cinco mil pratos para brasileiros em situação de “vulnerabilidade social”. A ação de luta contra o desperdício e a exclusão social escolheu os Jogos Olímpicos do Rio como cenário.

Massimo Bottura, dono do melhor restaurante do mundo, segundo o ranking "50 Best".
Massimo Bottura, dono do melhor restaurante do mundo, segundo o ranking "50 Best". http://www.osteriafrancescana.it/bottura.html
Publicidade

Bottura vai preparar pratos com ingredientes doados por empresas de catering do Parque e da Vila Olímpica que, de outra maneira, terminariam no lixo. A cada dia, cerca de cem pessoas em situação precária vão receber convites de ONGs para jantar no Refettorio Gastromotiva, no bairro boêmio da Lapa, a partir de terça-feira (9). A decoração é do artista plástico Vik Muniz, com móveis desenhados pelos irmãos Campana, nomes importantes do cenário artístico internacional.

Com financiamento de empresas patrocinadoras, os convivas do Rio não terão que pagar nem um centavo. Para se ter uma ideia, no restaurante de Bottura, o Osteria Francescana, em Módena, com três estrelas do guia francês Michelin, um jantar pode chegar a € 600 (cerca de R$ 2.185) por pessoa. O cardápio inclui pratos como “Enguia nadando no rio Pó”, que traz o peixe citado com polenta e geleia de maçã da Campânia (sul da Itália).

“É um projeto cultural e não de caridade”, diz Bottura

O Refettorio Gastromotiva é uma iniciativa de Bottura, do chef brasileiro David Hertz, fundador da ONG Gastromotiva, e da jornalista Alexandra Forbes. Sua meta é combater a desnutrição, o desperdício de alimentos e a exclusão social. "Temos uma oportunidade através deste projeto, que é cultural, e não de caridade, de lutar contra o desperdício. Se mudamos a maneira de pensar, podemos fazer nascer uma nova tradição", disse Bottura a jornalistas no Rio.

"Prometi para a minha mãe que ia usar minha notoriedade para tornar visíveis os invisíveis. Chegou o momento de devolver ao mundo o que ele me deu", disse.

Durante os Jogos, vários chefs famosos ajudarão Bottura na cozinha, doando seu trabalho: os franceses Alain Ducasse e Claude Troisgros, o espanhol Andoni Aduriz e os brasileiros Alex Atala, Felipe Bronze, Roberta Sudbrack e Rafa Costa e Silva, entre outros.

A cada dia vai cozinhar um chef diferente, escolhendo o menu depois de inspecionar com atenção quais ingredientes chegaram. Não serão aceitas sobras de comida.

Depois dos Jogos, local vai virar escola de cozinha

O terreno foi cedido gratuitamente pela prefeitura do Rio durante dez anos. Depois dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o restaurante funcionará como uma escola de cozinha e estará aberto ao público na hora do almoço, com o conceito de refeição solidária - "pague o almoço e doe o jantar" a alguém que precise, disse à AFP uma porta-voz do projeto.

A semente da iniciativa foi o Refettorio Ambrosiano que Bottura criou no ano passado e que funcionou durante a Expo Milão 2015, com o mesmo objetivo. Outros projetos similares estão em andamento e abrirão em 2017 em Los Angeles, Nova York e Montreal, segundo Bottura, também fundador do "Food for Soul" (comida para a alma), uma organização sem fins lucrativos que combate o desperdício e a exclusão social.
 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.