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“Brasil ainda vive negacionismo sobre a ditadura”, diz cineasta Anita Leandro

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Anita Leandro, documentarista e professora de cinema da Universidade Federal do Rio de Janeiro, esteve nos estúdios da RFI para divulgar “Retratos de Identificação”, filme dirigido por ela, que lança um olhar sobre os arquivos da ditadura militar brasileira. Os testemunhos que surgem deste confronto refazem a memória de um dos momentos mais sombrios da história política recente do Brasil.

Anita Leandro, documentarista e professora de cinema da UFRJ.
Anita Leandro, documentarista e professora de cinema da UFRJ. RFI
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 O documentário, fruto de quatro anos de pesquisas nos arquivos do DOPS da Guanabara, do Serviço Nacional de Informação (SNI) e do Superior Tribunal Militar, confronta sobreviventes da tortura a imagens de si próprios em inquéritos policiais militares, necropsias e interrogatórios, entre outras situações extremas do regime de exceção.

O filme tem o mérito de abordar, entre outros assuntos, a questão dolorosa da primeira morte sob tortura noticiada pela imprensa durante a ditadura militar do Brasil, o assassinato de Chael Charles Schreier. Anita também recupera a lembrança de um dos episódios mais espetaculares da resistência à ditadura militar brasileira: o embarque de mais de 70 prisioneiros no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, em 13 de janeiro de 1971, em troca da vida do embaixador suíço Giovanni Bucher. Para a diretora, “num país como o Brasil, onde não há uma memória coletiva compartilhada sobre esse momento da história, mostrar esses documentos é da maior importância”, mesmo se a ditadura militar brasileira foi uma das que mais produziu documentos entre todos os regimes de exceção da América Latina.

Anita explica que fez esse projeto principalmente para responder as perguntas de seus alunos sobre esse passado muitas vezes desconhecido e até mesmo negado. “Nós vivemos em pleno negacionismo no Brasil, e os estudantes tem um apetite de conhecimento sobre esse período, e o cinema tem um papel muito importante na divulgação do que foi essa história”.

O documentário traz momentos contundentes e a verticalização dos testemunhos provoca uma identificação imediata do público com os “retratados”. Entre os depoimentos de presentes, Antônio Roberto Espinosa, comandante da organização VAR-Palmares, e Reinaldo Guarany, do grupo tático armado ALN. Entre os ausentes, Maria Auxiliadora Lara Barcellos, a “Dora”, combatente da VAR-Palmares que não suportou as sequelas pós-traumáticas das torturas e se suicidou, já exilada em Berlim, jogando-se nos trilhos do metrô, além de Chael Charles Schreier.

Para saber mais sobre o filme, que esteve em competição em diversos festivais brasileiros e internacionais, e sobre as novas projeções programadas, acesse a página na produção no Facebook.

 

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