Chegada do PT ao poder mostra engajamento político das favelas, diz ilustrador Alexandre de Maio

O ilustrador paulistano Alexandre de Maio e a jornalista francesa Marie Naudascher lançam nesta semana na França o livro “Geração Favela - Esses jovens que reinventam seus bairros” (tradução livre), com relatos sobre a intensa produção artística cultural nas favelas brasileiras. No RFI Convida, eles também falaram sobre como a juventude das periferias se engaja politicamente e participa do debate sobre a crise na política brasileira.

O ilustrador paulistano Alexandre de Maio no estúdio 51 da RFI. RFI

A obra, que também é assinada pela jornalista francesa Hélène Seingier-Barros, traz doze perfis de jovens empreendedores da periferia de São Paulo e do Rio de Janeiro que, através da arte e da cultura, transformam a realidade de seus bairros. “A ideia do livro é dar voz e destaque ao lado positivo das favelas, oferecendo espaço para quem não tem”, diz Alexandre de Maio.

“Geração Favela”, lançado em francês pela editora Ateliers Henry Dougier, caracteriza-se pelo forte tom político, a começar pelo prefácio, assinado pelo deputado federal do PSOL do Rio de Janeiro, Jean Wyllys. “A crise política brasileira é das elites, mas afeta a vida das periferias. A geração retratada na obra cresceu com esse governo de esquerda que acaba de perder o poder”, ressalta o ilustrador.

O jornal francês Le Monde publicou nesta semana uma matéria em que destaca a falta de engajamento político dos moradores do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. A ideia contrasta com o que “Geração Favela” aborda, nota o ilustrador. “O que percebemos é que as favelas estão mobilizadas, até porque elas foram diretamente atingida pela crise: muitos direitos que dizem respeito às populações das periferias foram perdidos com o governo interino. A própria chegada do governo do PT ao poder é uma demonstração do engajamento político das favelas”, conclui Alexandre de Maio.