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RFI Convida

"Profissionais experientes têm mais dificuldade de reinserção", diz consultora

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O RFI Convida recebeu em seu estúdio nesta quinta-feira (2) a gaúcha Raquel Busnello, consultora que orienta e recruta executivos expatriados, uma profissão também reconhecida como headhunter. A gaúcha que chegou a estudar farmácia por ideologia, e sonhava em encontrar a cura do câncer, acabou trabalhando como consultora de finanças em empresas francesas, até decidir ter seu próprio negócio.  

Raquel Busnello é headhunter de executivos entre a América Latina e a Europa. Sua empresa possui sedes em Paris e São Paulo.
Raquel Busnello é headhunter de executivos entre a América Latina e a Europa. Sua empresa possui sedes em Paris e São Paulo. RFI
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À frente de sua empresa, RH Busnello's Sollutions, fundada em 2014 e com sedes em Paris e São Paulo, Raquel oferece serviço de recrutamento e coaching a empresas francesas que procuram executivos para trabalhar no Brasil. Segundo a headhunter, o trabalho ganhou novas cores e culturas a partir das intensas possibilidades de deslocamento e recolocação profissionais disponíveis hoje em dia, não apenas entre Brasil e França, seu principal mercado, mas entre países do mundo inteiro. "O espectro França-Brasil evoluiu para América Latina-Europa", afirma Busnellos.

Os laços com a França

A história de Raquel com a França começou quando sua irmã se casou com um francês e veio morar aqui. Interessada em ter no currículo uma experiência internacional, ela procurou estágio em uma empresa francesa quando ainda estudava na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A partir daí, a empresária trabalhou em diversas empresas no país, que na época começaram a se interessar em fazer negócios com o Brasil e, claro, solicitavam-na para trabalhar em estudos de mercado.

Ganhou, com isso, uma experiência e uma rede de relacionamentos capazes de sustentar seu ideal de se tornar autônoma. Com apenas um ano de existência, a RH Busnello’s Solutions já faz parte da plataforma da Câmara de Comércio das Indústrias de Paris, a CCIP. Raquel também foi eleita conselheira da Câmara de Comércio Brasil-França de São Paulo. Recentemente, Raquel Busnello realizou uma palestra sobre como é a vida profissional no Brasil e como um executivo pode chegar e se instalar no país sem interromper sua carreira profissional. O evento foi direcionado aos estudantes de uma das maiores escolas de formação de executivos de Paris, a Essec.

Ensinando a dar bom dia

Segundo a headhunter, a diferença básica entre o profissional brasileiro e o francês está no planejamento. O francês pensa mais antes de executar a fim de errar menos, enquanto o brasileiro toma decisão mais rápida, permitindo-se alguns erros.

"Outra questão é que para o francês, profissão é profissão, amizade é amizade. Já o brasileiro é mais aberto às amizades no trabalho. O brasileiro não tem muita maturidade profissional, mas em compensação tem uma flexibilidade ímpar. O francês nem sempre dá bom dia quando chega ao trabalho e brasileiro não suporta isso. É para mostrar essas diferenças que faço o trabalho de coaching junto aos executivos franceses que vão trabalhar no Brasil", comenta Raquel.

Mesmo com toda diferença, não é difícil encontrar franceses querendo trabalhar no Brasil. O clima e o aprendizado pela experiência internacional em um país cheio de oportunidades de expansão são os maiores atrativos, segundo Raquel.

Executivos felizes, um mundo melhor

Com o desafio de trabalhar mediando interesses de dois mercados tão distintos, a empresária tem como premissa usar a sensibilidade na hora de escolher os candidatos. Algumas regras como avaliar o perfil pessoal, entender os planos e a estrutura atual do candidato são fundamentais para este processo que ela chama informalmente de "recrutamento sustentável".

"O recrutamento é para ser durável, ecológico, sustentável, como quiserem chamar. Mas o que quero dizer é que não abri minha empresa para me moldar ao que já existe: escolher apenas o candidato mais tecnicamente adequado. Minha ideia é fazer de um jeito responsável, porque um novo trabalho, em um país diferente, é uma mudança de vida muito significativa para qualquer um", afirma Raquel.

O objetivo final é, claro, rentabilidade. Mas para ela não é preciso perder a ideologia para ter lucro.

 

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